Investigação pode levar à elucidação de execuções internas de facção em São Leopoldo

Investigação pode levar à elucidação de execuções internas de facção em São Leopoldo

Operação Creta foi deflagrada nesta quarta-feira pela Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa de São Leopoldo (DPHPP)

Correio do Povo

Condomínio residencial no bairro São Miguel foi ocupado pelos policiais civis

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A Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa de São Leopoldo (DPHPP) de São Leopoldo, que desencadeou a operação Creta ao amanhecer desta quarta-feira, pode desvendar uma série de execuções internas da facção criminosa que atua no Vale do Rio dos Sinos. A ação é decorrente de uma investigação iniciada após uma vítima ter sido torturada e espancada no dia 13 de setembro do ano passado. Ela conseguiu fugir antes de ser morta e procurou a Polícia Civil.

“Ela esclareceu tudo que havia acontecido e aí ela contou a dinâmica de outros homicídios e desaparecimentos...Este caso é um que pode gerar outros”, lembrou nesta manhã o delegado André Serrão à reportagem do Correio do Povo. Segundo ele, os integrantes da facção que cometem erros acabam pagando com a vida. “A vítima havia sido acusada de dar um tombo na carga”, observou, referindo-se à perda de drogas possivelmente por parte dela.

Os quatro envolvidos na tentativa de homicídios foram presos, incluindo um executor, dois gerentes da facção e um apenado que exerce liderança, durante a operação deflagrada em um condomínio residencial popular no bairro São Miguel. “Eles são suspeitos de cometerem outros homicídios e desaparecimentos”, enfatizou.

Houve ainda o recolhimento de drogas, pinos vazios, telefones celulares, balanças de precisão, máquinas de cartão de crédito, dinheiro, documentos e extratos bancários, entre outros objetos. Um Ford Ka, de cor prata, usado para transportar a vítima do condomínio para outro local, foi também apreendido e será periciado.

Conforme o titular da DPHPP de São Leopoldo, o local da tortura e espancamento da vítima foi em um lava-jato na área do condomínio, sendo ouvidos os gritos dela até pela vizinhança. A ordem de execução foi emitida pelo apenado que ocupa cargo de liderança na facção e que cumpre pena na Penitenciária Estadual do Jacuí. “Ele ordenou que pegassem essa vítima. Após dois dias de tortura, ela foi levada para ser executada em um local ermo, mas quando chegou nesse local ela conseguiu se desvencilhar e fugir”, resumiu o delegado André Serrão.

Durante a ação, em torno de 60 agentes cumpriram 18 ordens judiciais, sendo 15 mandados de busca e apreensão e outros três mandados de prisão temporária. A Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) e o Canil da DP de Sapiranga prestaram apoio.

A ocupação do condomínio residencial no bairro São Miguel teve de ser rápida e cedo da manhã para evitar o alerta dos vigias da facção na região. “A gente conseguiu ter uma eficácia maior nesses cumprimento de mandados, mas geralmente têm muita dificuldade pois existem muitos olheiros”. De acordo com o delegado André Serrão, as baixas temperaturas também colaboraram, visto que “os alvos ficaram dentro das casas”. Mais de dez moradias vinham sendo usadas pelos criminosos.

Foto: PC / Divulgação / CP


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