Justiça Militar ouve depoimentos em caso de carro atingido por tiros

Justiça Militar ouve depoimentos em caso de carro atingido por tiros

Na próxima semana, serão ouvidas testemunhas de defesa dos militares

Agência Brasil

Luciana dos Santos Nogueira, viúva do músico Evaldo dos Santos Rosa, que foi fuzilado por uma unidade do exército no último domingo, no Rio de Janeiro

publicidade

A Justiça Militar ouviu nesta terça-feira oito testemunhas de acusação sobre a morte do músico Evaldo Rosa e do catador Luciano Macedo, baleados durante operação envolvendo soldados do Exército, no dia 7 de abril, no bairro de Guadalupe, na Vila Militar, zona norte do Rio de Janeiro. Doze militares foram denunciados e nove continuam presos.

Evaldo estava com sua família, indo para um chá de bebê, quando se deparou, por volta das 14h30min, com uma patrulha do Exército. Em seguida, o veículo foi atingido por tiros. O músico morreu e o sogro dele, Sérgio Gonçalves, ficou ferido. Os demais ocupantes - a esposa de Evaldo, Luciana dos Santos, o filho de 7 anos e a amiga do casal, Michele da Silva Leite - não foram atingidos.

Em depoimento, Sérgio, Luciana e Michele contaram que o veículo foi alvo de tiros disparados por militares. O catador Luciano passava pelo local na hora e foi socorrer a família, quando também foi atingido. A mulher de Evaldo pediu, antes de depor, que os militares fossem retirados da sala, o que foi determinado pela juíza que conduz o caso, Mariana Aquino Campos.

O advogado assistente da acusação, André Perecmanis, espera que os militares sejam responsabilizados. A manutenção da prisão será decidida na próxima quinta-feira, pelo Superior Tribunal Militar (STM), em Brasília. "É importante que todas as testemunhas sejam ouvidas e no futuro, quem sabe, se o juízo entender que eles podem responder em liberdade, aí a gente verifica", disse Perecmanis.

Para o advogado de defesa dos militares, Paulo Henrique Pinto de Melo, é preciso aguardar o desenrolar do processo. "Faltam muitas diligências, muitos interrogatórios, e ninguém aqui demonstrou que os militares são executores, são assassinos. Eles agiram em legítima defesa de terceiros."

Também depuseram a esposa de Luciano, Daiane Horrara, um homem que teve o carro roubado, semelhante ao das vítimas, na ocorrência de mais cedo, e moradores de um prédio que fica em frente ao local onde o fato aconteceu.

Na próxima semana, serão ouvidas testemunhas de defesa dos militares. Depois, eles serão interrogados individualmente.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895