Lázaro tinha uma rede que o acobertava, diz secretário de segurança de Goiás

Lázaro tinha uma rede que o acobertava, diz secretário de segurança de Goiás

Rodney Miranda explicou que criminoso descarregou pistola 380 contra policiais durante confronto

Correio do Povo

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Após a morte de Lázaro Barbosa no interior de Goiás, o secretário estadual de Segurança Pública goiana, Rodney Miranda, deu alguns detalhes das últimas horas do homem que estava foragido da Justiça. Conforme Miranda, Lázaro contava com uma "rede que o acobertava". A partir daí, o próximo passo é descobrir quem são as pessoas envolvidas neste suposto apoio ao criminoso capturado nesta segunda-feira. 

"É importante ressaltar que a operação de captura do Lázaro terminou sem nenhum policial ferido. Durante um confronto, ele descarregou uma pistola 380. O efetivo se viu obrigado a revidar. É preciso dizer também que o Lázaro tinha uma rede que o acobertava. Agora, sai o trabalho intensivo e entra o trabalho investigativo. As buscas não terminaram e vamos atrás de outras pessoas envolvidas", disse Miranda antes de mencionar que o local da troca de tiros fica no interior de Águas Lindas de Goiás. 

A equipe da Polícia Civil já trabalha com algumas linhas de atuação. Entre elas, de que Lázaro atuava como jagunço ou como segurança de algumas pessoas na região.

O cerco 

De acordo com Miranda, o cerco a Lázaro aumentou ainda na noite desse domingo, quando os policiais conseguiram localizar a área específica em que ele circulava. O criminoso chegou a tentar invadir a casa da ex-sogra para ir ao encontro da ex-mulher, mas foi impedido pela presença de policiais que já monitoravam o local antes da chegada dele. "Ele não chegou a passar a noite lá. Foi impedido. A ex-mulher e a ex-sogra estão sendo ouvidas e, se houve facilitação por parte delas, serão presas", explicou. 

Segundo o secretário, a polícia tem imagens de Lázaro circulando armado antes de voltar para o mato. "Temos filmagens mostrando que ele estava armado, ele foi para o mato, fizemos o cerco e houve um confronto com a equipe do major Edson", relatou. 

Dinheiro e possível fuga 

Miranda comentou ainda que junto aos pertences de Lázaro foi encontrado R$ 4 mil em dinheiro. Além disso, ele tinha como rotina a troca constante de roupa para confundir os policiais. "O dinheiro encontrado com ele sugere que ele teria a intenção de deixar o estado, talvez até de deixar o País", salientou. 

O secretário de segurança mencionou que Lázaro costumava andar a pé, sem utilizar veículos para se deslocar pelo interior de Goiás. "Não tem indicativo de que ele usava carro, ele andava a pé. Hoje vamos sentar com a equipe para ver quais serão os próximos passos", disse. 

Trajetória 

Desde o primeiro crime cometido por Lázaro Barbosa de que se tem notícia, em 2007, o homem conhecido como "serial killer do Distrito Federal" já fugiu três vezes da prisão e cometeu ao menos dez crimes. Ele nasceu na cidade baiana de Barra do Mendes, a 530 quilômetros de Salvador. 

As fugas ocorreram em penitenciárias de Goiás, Bahia e no Distrito Federal. Já a extensa lista de delitos contém casos de homicídio a triplo homicídio, estupros, tentativa de latrocínio, porte ilegal de arma de fogo, furto e roubos.

Primeiros delitos 

O primeiro delito conhecido de Lázaro Barbosa ocorreu em 2007, quando foi preso por cometer duplo homicídio, mas fugiu pouco depois da prisão. Em 2009, em Brasília, ele foi preso no Complexo Penitenciário da Papuda por estupro, roubo e porte ilegal de arma de fogo. Lá, psicólogos emitiram um laudo apontando que ele era detentor de conduta agressiva e impulsiva, além de instabilidade emocional. Dois anos após progredir para o regime semiaberto, ele fugiu em 2016 da prisão.

Em 2018, o serial killer voltou a ser preso em Águas Lindas (GO), novamente por estupro, roubo e porte ilegal de arma. Meses depois, fugiu pela terceira vez.

Notoriedade nacional 

No ano passado, ele invadiu uma chácara em Santo Antônio do Descoberto, agrediu um idoso com um machado e foi indiciado por roubo qualificado pela restrição de liberdade das vítimas, emprego de arma e tentativa de latrocínio; a vítima perdeu parcialmente a visão. Foi em abril de 2021, porém, que começou a sequência de crimes que fizeram Lázaro Barbosa chamar a atenção de todo o país.

No dia 27 daquele mês, em Cocalzinho (GO), se aproximou da janela de uma fazenda e atirou dois moradores dentro da propriedade. Em 18 de maio, entrou em uma chácara de Ceilândia (DF), obrigou todos os moradores a ficarem nus, prendeu os homens em um quarto e coagiu as mulheres a cozinharem para ele. Duas semanas depois, invadiu outra chácara na cidade e roubou os moradores.

Invasões e morte

Em junho, ele voltou a matar: no dia 4, invadiu uma chácara de Cocalzinho e matou o proprietário a tiros. Cinco dias depois, agora em uma chácara de Ceilândia, manteve o caseiro e a família reféns, matou a tiros e facadas o pai e os dois filhos; na sequência, sequestrou a mulher, a levou para um rio, onde a torturou, estuprou e matou.

No dia 10, invadiu mais uma propriedade e roubou os moradores com uma arma de fogo. Um dia depois, novamente em Cocalzinho, outra invasão a uma propriedade rural, que terminou com disparos contra o morador do local.

Ainda em Cocalzinho, foram várias invasões no dia 12: primeiro, invadiu uma chácara e ameaçou os reféns; estes, porém, foram obrigados a usar drogas e Lázaro não os matou. Logo depois, ele foi para outra propriedade, onde manteve como reféns uma mulher, uma criança e quatro homens. Três deles foram alvejados por Lázaro, que atirou também contra os policiais e fugiu. Ele ainda teve tempo de passar por outra chácara, atirar no morador da propriedade e fugir.

No dia 13, o serial killer furtou um veículo, o abandonou na BR-070 e ateou fogo no automóvel quando avistou uma barreira policial. No dia seguinte, quando invadia uma chácara, o caseiro percebeu sua chegada, atirou contra ele e o obrigou a fugir.

 

 

 


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