Lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio de facção são alvos de operação da Polícia Civil

Lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio de facção são alvos de operação da Polícia Civil

Organização criminosa teria R$ 8 milhões em imóveis e R$ 1 milhão em veículos, além de movimentar mais de R$ 2 milhões em poucos dias

Correio do Povo

Houve o cumprimento de 87 ordens judiciais em Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Porto Alegre, Canoas, Montenegro e Novo Hamburgo

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A Polícia Civil deflagrou ao amanhecer desta quarta-feira a operação Iceberg com o objetivo de combater a ocultação e lavagem de dinheiro da facção Os Manos, nascida na região doi Vale do Rio dos Sinos. A organização criminosa teria movimentado mais de R$ 2,5 milhões em poucos dias.

A investigação é coordenada pelo titular da 1ª DP de Sapucaia do Sul, delegado Gabriel Borges. Cerca de 150 policiais civis, incluindo a equipe tática da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), foram mobilizados. A ação teve participação do 33º BPM, do 1º Batalhão de Polícia de Choque (1ºBPChq) e da Superintendência dos Serviços Penitenciários, pois uma das lideranças do grupo está recolhida na Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro.

Houve o cumprimento de 97 ordens judiciais em Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Porto Alegre, Canoas, Montenegro e Novo Hamburgo. Os agentes cumpriram 27 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão preventiva, além de 26 quebras de sigilo fiscal, bancário e financeiro; oito indisponibilidades de imóveis; 16 contas bancárias bloqueadas; e 17 sequestros de veículos. A estimativa é de pelo menos R$ 8 milhões em imóveis e R$ 1 milhão em veículos sequestrados judicialmente. Na ação foram recolhidos R$ 30 mil em dinheiro, computadores, documentos e uma arma de fogo, além de serem efetuadas duas prisões.

O trabalho investigativo durou seis meses, começando em 27 de maio deste ano quando dois indivíduos foram presos em flagrante em Sapucaia do Sul pelos crimes de tráfico de entorpecentes e porte ilegal de arma de fogo. Telefones celulares, documentos e diversos comprovantes de depósitos bancários foram apreendidos.

Na análise do material, a equipe do delegado Gabriel Borges descobriu um grande esquema de ocultação e mascaramento de bens e valores, oriundos do tráfico de entorpecentes, que consistia na remessa de dinheiro do narcotráfico para diversas contas bancárias de “laranjas”. Além disso, empresas de fachada foram criadas para auxiliar no esquema de lavagem de capitais, sendo encontradas em Franca (SP), Ponta Porã (MS), Campo Grande (MS) e Curitiba (PR), além de Sapucaia do Sul.

Conforme os agentes da 1ª DP de Sapucaia do Sul, inúmeras contas bancárias e estabelecimentos comerciais de fachada são situados em outros municípios do Interior do Estado, evidenciando o caráter regionalizado do grupo. A investigação apurou ainda algumas destas empresas estavam sediadas em cidades do Mato Grosso, na fronteira com o Paraguai, visando inclusive facilitar a compra de drogas do país vizinho.

A facção utilizava dezenas de imóveis e veículos como forma de transformar o patrimônio obtido por meio do tráfico de drogas e dar aparência legal. Os policiais civis perceberam também que a atividade funcionava de forma organizada com as lideranças exercendo funções específicas de recolhimento dos valores e transferências nas contas bancárias determinadas.

O delegado Gabriel Borges avaliou que “o novo modelo de enfrentamento da Polícia Civil frente ao crime organizado busca a descapitalização das organizações criminosas, o que gera seu enfraquecimento, uma vez que os recursos ilícitos que movimentam as atividades delituosas são alcançados e revestidos em prol do Estado”.

Já o diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (2ªDPRM), delegado Mario Souza, destacou que “a investigação e operação realizada denotam importante e profunda ação da Polícia Civil frente ao crime organizado, buscando suas lideranças e localizando grande quantidade de recursos utilizados e oriundos das atividades ilícitas”.


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