Mãe que matou filho em Planalto é indiciada por homicídio triplamente qualificado

Mãe que matou filho em Planalto é indiciada por homicídio triplamente qualificado

Alexandra Dougonkeski poderá receber pena de pelo menos 38 anos por crime

Correio do Povo

Polícia Civil apresentou resolução do caso em coletiva à imprensa nesta quinta-feira

publicidade

A Polícia Civil anunciou, na manhã desta quinta-feira, a conclusão do inquérito sobre a morte de Rafael Mateus Winques, de 11 anos, ocorrida em maio deste ano, na cidade de Planalto. A mãe do menino, Alexandra Dougonkeski, 33 anos, foi indiciada por homicídio triplamente qualificado, tendo como agravantes o motivo fútil, a asfixia e a impossibilidade de defesa da vítima, além dos crimes de falsidade ideológica e ocultação de cadáver.

Em caso de condenação pelo júri popular, ela pode receber uma pena de, no minimo, 38 anos. Já recolhida no sistema prisional, ela teve ainda o pedido de prisão preventiva decretado. O inquérito, com quatro volumes, será encaminhado até o final desta tarde ao Poder Judiciário. 

Em entrevista coletiva à imprensa, realizada nesta manhã, em Porto Alegre, o diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), delegado Joerberth Pinto Nunes, recordou alguns aspectos importantes ao longo da investigação que possibilitaram a elucidação do crime.

Ele lembrou que o caso começou com um desaparecimento de criança, conforme havia sido registrado pela mãe no dia 15 de maio. “No quinto dia, após realizadas incessantes buscas por toda a cidade de Planalto e arredores, a Polícia Civil começou a apontar as suspeitas para uma eventual participação da mãe frente ao desaparecimento do filho”, relatou. 

“O ponto nevrálgico que levantou a suspeita foi o estado anímico desta mãe perante a situação e a forma que se manifestava principalmente pro meio das redes sociais”, destacou o diretor do DPI. “Após diversos elementos indiciários que trouxemos à investigação, ela acabou por confessar no dia 25 de maio, ainda de que modo parcial, a morte do filho”, acrescentou.

No dia 30 de maio foi realizado o primeiro interrogatório oficial e no dia 27 de junho ocorreu a segunda oitiva, quando ela assumiu de vez a culpa. No dia 18 de junho houve a reconstituição do fato para esclarecer dúvidas, verificar o comportamento da mãe e confrontar a versão dela, que alegava ter dado um tranquilizante ao filho e que o medicamento o matou.

Com os laudos do Instituto-Geral de Perícias ficou comprovado que a criança efetivamente recebeu um tranquilizante, mas em dosagem insuficiente para causar o óbito. Na verdade, ressaltou o delegado Joerberth Pinto Nunes, o menino foi asfixiado com uma corda no pescoço e levado morto até a garagem de uma residência abandonada próxima, onde o corpo do menino foi colocado dentro de uma caixa de papelão.

O delegado Eibert Moreira afirmou ainda que os depoimentos da mãe, ao longo do trabalho investigativo, “oscilavam entre a verdade e a mentira”. Ele inclusive citou que ela tentou incriminar o pai biológico de Rafael ao induzir o irmão adolescente da vítima, de 17 anos, sobre quem seria o real autor do crime. 

O diretor de investigações do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), delegado Eibert Moreira, revelou que o comportamento da mãe já chamava a atenção pois ela “se mostrava extremamente fria com a situação”. Segundo ele, a atitude dela na reconstituição trouxe um elemento a mais para explicar o motivo da morte da criança.

“Naquela ocasião, o primeiro contato dela com a casa foi extremamente perturbador para ela. Quando ela notou que a casa dela estava fora de ordem como havia deixado, ela entrou em uma crise de nervos e chorou bastante. Naquele momento, o que mais a perturbou foi a casa estar fora de ordem e não a morte do filho”, disse. 

A motivação do assassinato do menino foi descoberta finalmente no segundo interrogatório. De acordo com o diretor de investigação do DPHPP, a mãe do menino contou que matou a criança, após dar o medicamento, pois “estava descontente com o comportamento dele, descumprindo as ordens impostas por ela”.

Observando que o menino estava na fase da pré-adolescência e com atitudes típicas da idade, o delegado Eibert Moreira considerou a mãe da vítima como uma pessoa “extremamente perfeccionista e metódica”, até no dobrar das roupas. Na opinião dele, as ações do menino tornaram-se “inconvenientes” para a mãe que “resolveu matá-lo”. 

No celular dela, os agentes recuperaram dados apagados e constataram que ela acessou vídeos de pornografia e de cenas de sexo com violência ou estupro onde aparecem simulações de asfixias com esganaduras ou estrangulamento com uso de cordas, além de fotos da internet com as mulheres envoltas em cordas.

Antes de praticar o homicídio, frisou o delegado Eibert Moreira, ela também pesquisou sobre o “boa noite cinderela”, que é uma bebida alcoólica misturada com algum remédio para dopar alguém. “Ela ainda fez algumas compras de produtos de beleza”, apontou, referindo-se à aquisição em um conhecido site direto de vendas. “Tudo isso nos chamou bastante a atenção”, enfatizou.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895