MP de São Paulo prevê que PCC está em "estágio pré-mafioso"

MP de São Paulo prevê que PCC está em "estágio pré-mafioso"

Organização criminosa, que movimenta atualmente R$ 400 milhões, investe cada vez mais na exportação de drogas para Europa através de portos

R7

Transferências dos líderes da facção entre as penitenciárias são realizadas sob forte esquema de segurança

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O Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa do país com atuação dentro e fora dos presídios, tem faturamento de R$ 400 milhões por ano. “Daqui dois ou três anos, a estimativa é de que dobrem esse valor”, previu em entrevista exclusiva ao R7, o promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, Lincoln Gakiya, que investiga a facção desde 2005.

Gakiya observou, porém, que o grupo criminoso tornou-se “uma empresa voltada ao enriquecimento dos líderes”, diferente de quando nasceu há 26 anos, em agosto de 1993 na Casa de Custódia de Taubaté, em São Paulo, quando havia preocupação com as condições dos detentos. “O preso foi esquecido”, assegurou. “Essa lucratividade aparece para quem está em cargos de liderança, eles conseguem se tornar grandes traficantes. O dinheiro não chega na base da pirâmide”, constatou.

De acordo com Lincoln Gakiya, o salto no faturamento da organização criminosa deve-se à exportação de drogas para a Europa, através dos portos. “Há indícios de que esse dinheiro está saindo do país. Precisamos saber se esse está sendo lavado lá fora ou se é evasão de divisas. Estamos falando de grandes quantias. Essa investida de fazer um trâmite internacional de dinheiro o PCC já tem”, afirmou. “Eles têm aeronaves, helicópteros e fazendas produtoras na Bolívia e isso é lavagem de dinheiro. Eles estão em um estágio pré-mafioso, mas a tendência é atingirem o estágio de máfia. Só não ocorreu no Brasil por receio desses bens serem sequestrados”, observou.

O promotor de Justiça do Gaeco disse ainda que o tráfico internacional para a Europa aumentou porque, em caso de ações policiais, perde-se somente a droga. “Há um potencial para esse novo ramo crescer muito para o PCC e para integrantes. O PCC não distribui a droga pela Europa, eles já têm compradores certos e tudo é feito via portos. Em 2018, essa projeção era de R$ 400 milhões por ano. Como nos últimos dois anos, o tráfico internacional se intensificou, a tendência é esse valor dobrar”, finalizou.


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