Operação contra lavagem de dinheiro do narcotráfico é deflagrada em três estados

Operação contra lavagem de dinheiro do narcotráfico é deflagrada em três estados

Investigação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Bagé aponta envolvimento de organização criminosa da fronteira do Uruguai e duas facções

Correio do Povo

Houve o cumprimento de 23 ordens judiciais e bloqueio de contas bancárias

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A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Bagé, sob comando do delegado Cristiano Ritta, deflagrou na manhã desta terça-feira a operação Apáte II, que investiga um complexo sistema de lavagem de dinheiro de uma organização criminosa sediada na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. O esquema, ligado sobretudo ao tráfico de drogas, envolveria ainda as facções Os Manos, do Vale do Rio dos Sinos, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo.

Houve o cumprimento de 20 mandados de busca e apreensão e de outros três de prisão temporária, além do bloqueio judicial de contas bancárias dos investigados e das empresas. A ação ocorreu em Porto Alegre (RS), em Ribeirão Preto (SP) e Belém do Pará (PA), bem como na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).

Os policiais civis recolheram R$ 54 mil, 19 mil euros e 14,6 mil dólares norte-americanos. Dezenas de equipamentos eletrônicos de alto valor, novos e sem uso, como smartphones e notebooks, também foram encontrados.

As investigações começaram em abril deste ano, quando a Polícia Civil e a Brigada Militar cumpriram 15 mandados de busca e apreensão em Bagé. Na ocasião, cerca de sete quilos de cocaína, um quilo de crack e insumos para refino e desdobramento da droga foram apreendidos. Os entorpecentes foram avaliados em mais de R$ 780 mil.

As apurações identificaram que o líder da organização criminosa da fronteira está recolhido na Pasc e tem mais de 120 anos de pena transitada em julgado. A célula chefiada por ele detém uma grande fração do narcotráfico na região limítrofe com o Uruguai.

Ao longo do trabalho investigativo foram identificados dezenas de comprovantes de depósitos bancários feitos para uma construtora de Ribeirão Preto e uma revenda de veículos de Belém do Pará. Os policiais civis da Draco de Bagé descobriram ainda que eram os responsáveis pelo recebimento do dinheiro e repasse para a organização criminosa. Um deles teve sua atividade criminosa do tráfico de drogas comprovada em recente prisão realizada pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc).

Os agentes confirmaram então que as empresas atuavam como fachada e os proprietários estavam diretamente ligados à lavagem de dinheiro. As autoridades financeiras reportaram que o grupo do Pará, composto por três sócios majoritários e cinco empresas, movimentou mais de R$ 150 milhões em pouco mais de um ano, adquirindo patrimônio milionário sem uma fonte de renda compatível com a evolução financeira dos investigados. Havia também a lavagem de dinheiro através do patrocínio de times de futebol de elite no Pará e ainda a exploração de jogos e apostas esportivas, com uma forte presença no Norte do Brasil.  

Foto: PC / Divulgação / CP


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