Operação resgata 337 trabalhadores em condições análogas à escravidão

Operação resgata 337 trabalhadores em condições análogas à escravidão

Em Serafina Corrêa, no RS, 26 homens foram retirados durante ofensiva liderada pelo Ministério Público Federal

R7 e Correio do Povo

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Uma operação deflagrada no último dia 4 de julho já resgatou 337 pessoas que estavam sendo mantidas em situação análoga à escravidão em 22 estados e no Distrito Federal. No Rio Grande do Sul, na cidade de Serafina Corrêa, 26 homens foram retirados de condições inapropriadas de trabalho. Já em São Paulo, o Ministério Público Federal (MPF) relatou que uma mulher estava na casa de uma família há 31 anos. Os dados da ofensiva chamada de Resgate II foram divulgados nesta quinta-feira. 

A história do resgate do grupo que estava no Rio Grande do Sul passa pela trajetória de um metalúrgico, oriundo da região Oeste do Paraná. O homem, de 47 anos, se viu em dificuldades depois de perder o emprego. A partir de um anúncio, visto em uma rede social, decidiu participar de um recrutamento que seria realizado no Sul do País. Ele embarcou para o Estado no início de julho e viu-se em uma situação de trabalho análogo à escravidão.

“Foi um processo de seleção ilusório. Foi oferecida alimentação, alojamento, tudo por conta do empregador, a gente se deslocou para o município da agência que estava intermediando e que estava cobrando R$ 500 por cabeça para indicar os candidatos à vaga. Chegando no Rio Grande do Sul, descobrimos que iriam nos cobrar tudo isso, descontado do salário”, revelou. 

No Estado, os 26 homens resgatados atuavam na apanha de frangos, serviço de recolhimento de aves vivas nas granjas e fazendas fornecedoras de um frigorífico da região. Os resgatados eram todos homens adultos, a maioria oriunda de outros estados, tais como Bahia, São Paulo e Paraná, como o ex-metalúrgico. Havia também entre os trabalhadores dois paraguaios.

Vítimas de trabalho escravo e tráfico de pessoas 

A força-tarefa executou 105 ações contra o trabalho escravo em 23 unidades da Federação. Esta foi a segunda edição da Operação Resgate, a primeira foi realizada em janeiro do ano passado, com um total de 136 resgatados. Quase 50 equipes de fiscalização estiveram diretamente envolvidas nas inspeções. Goiás e Minas Gerais foram os estados com mais pessoas resgatadas na operação conjunta.

As atividades econômicas com maior quantidade de resgate no meio rural foram serviços de colheita em geral, cultivo de café e criação de bovinos para corte. No meio urbano, chamaram a atenção os resgates ocorridos em uma clínica de reabilitação de dependentes químicos e os casos de trabalho doméstico. Seis trabalhadoras domésticas foram resgatadas em cinco estados. Foram resgatadas, ainda, de condições análogas à escravidão, cinco crianças e adolescentes e quatro migrantes de nacionalidade paraguaia e venezuelana.

Pelo menos 149 dos resgatados na Operação Resgate II foram também vítimas de tráfico de pessoas. As fiscalizações também ocorreram no Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhã. Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.  


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