Operação Toll tem nova fase deflagrada pela Polícia Civil no Centro de Porto Alegre

Operação Toll tem nova fase deflagrada pela Polícia Civil no Centro de Porto Alegre

Alvo da 17ª DP são agora os "laranjas" e os donos de prédios, salas comerciais e lojas usados por facção criminosa que extorquia comerciantes

Correio do Povo

Policiais civis fortemente armados atuaram na primeira etapa da ação que exigiu arrombamento das portas de imóveis ocupados pelos bandidos

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Começou nesta segunda-feira a nova fase da operação Toll da Polícia Civil que acabou com um esquema de extorsão implantado pela facção Bala na Cara no Centro Histórico de Porto Alegre. O titular da 17ª DP, delegado Juliano Ferreira, adiantou que o objetivo é descobrir quem são os “laranjas” da facção que atuam infiltrados no comércio legal e ilegal em lojas e salas comerciais. Ele quer também identificar junto da prefeitura os proprietários dos prédios abandonados e ocupados pelos criminosos. O quartel-general da organização criminosa ficava, por exemplo, em um edifício vazio na rua Voluntários da Pátria, na quadra entre Vigário José Inácio e Doutor Flores.

Para o delegado Juliano Ferreira, um “trabalho permanente e contínuo” precisa ser feito para que “as extorsões parem” na região. “Vamos nos reunir com a Brigada Militar e traçar algumas estratégicas para que estejamos mais presentes no dia a dia na área. Queremos que as extorsões não continuem. Vamos trabalhar nesse front”, afirmou. Ele observou que, após a deflagração da ação mais ostensiva na sexta-feira, surgiram mais denúncias e até vítimas que resolveram criar coragem. “Teremos então de fazer um trabalho muito mais efetivo”, avaliou. Segundo o titular da 17ª DP, o trabalho investigativo “vai longe” com a análise de tudo o que foi apreendido e verificação das novas denúncias e depoimentos. “Certamente, a investigação tem um longo caminho a trilhar…”, concluiu.

A primeira etapa ocorreu na sexta-feira passada quando 16 criminosos foram presos na ação desencadeada pela 17ª DP. Mais de 250 agentes cumpriram na ocasião um total de 76 ordens judiciais, sendo 58 mandados de busca e apreensão e outros 18 mandados de prisão preventiva. Os agentes estiveram na rua Voluntários da Pátria, na Praça Rui Barbosa e na rua dos Andradas. Dois foragidos permanecem sendo procurados.

Inspirada na prática de atuação das milícias do Rio de Janeiro, a facção cobrava inicialmente taxas para que ambulantes, profissionais do sexo, flanelinhas, assaltantes e vendedores informais exercessem as atividades na área central da cidade. Depois começaram a extorquir os comerciantes devidamente legalizados com a mesma finalidade. Além disso, moradores de prédios residenciais também vinham sendo expulsos quando negavam-se a pagar o pedágio. Os valores cobrados por semana variavam entre R$ 50 e R$ 400, sendo que o faturamento mensal girava de R$ 80 mil até R$ 100 mil. O dinheiro obtido com a extorsão era investido em armamentos e drogas.

Em maio deste ano, a guarita do vigia da Galeria Malcon, na rua dos Andradas, foi incendiada como represália pelas medidas de segurança adotadas então pela administração do condomínio para impedir que o grupo criminoso controlasse cada vez mais salas comerciais transformadas em pontos de tráfico de drogas. “Não tenho dúvida de que a ideia de extorsão de comerciantes e moradores veio das milícias do Rio de Janeiro. Tenho certeza que trouxeram de uma realidade do RJ pois as ações praticadas assemelham-se muito”, declarou então o delegado Juliano Ferreira na sexta-feira.


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