Organização criminosa que abastecia com drogas todas as facções é alvo de operação do Denarc

Organização criminosa que abastecia com drogas todas as facções é alvo de operação do Denarc

Complexo esquema de distribuição movimentava meia tonelada de maconha paraguaia por semana

Correio do Povo

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Apontada como uma das maiores fornecedoras de drogas para as facções gaúchas inclusive rivais, uma organização criminosa de tráfico interestadual foi alvo ao amanhecer desta quarta-feira de uma operação do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil. O grupo movimentava semanalmente em torno de meia tonelada de maconha com marca própria, somando duas toneladas por mês. O entorpecente vinha do Paraguai e era repassado sobretudo para a Região Metropolitana de Porto Alegre e Vale do Rio dos Sinos.

Cerca de 40 agentes foram mobilizados no cumprimento de oito de prisão preventiva e de outros seis mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, Cachoeirinha e Pelotas. A operação foi coordenada pelo delegado Alencar Carraro. Armas e entorpecentes foram recolhidos.

Seis criminosos foram presos, incluindo os homens de confiança do líder da organização criminosa, vulgo Véio Cabeça, de 44 anos, que permanece foragido após romper tornozeleira eletrônica em junho passado. Ele foi preso em maio de 2020 com drogas e armas em Canoas, sendo beneficiado com prisão domiciliar humanitária devido à pandemia da Covid-19.

Outras três prisões já tinham sido efetuadas ao longo da investigação iniciada em novembro de 2019, quando a Receita Federal apreendeu cerca de 250 quilos de maconha vinda de São Paulo e que estava em uma empresa de transportes no bairro Navegantes, na Capital.

O foco principal da ação desta quarta-feira foi em Porto Alegre, onde foi deflagrada nos bairros Renascença, Restinga, Cascata/Glória e Praia de Belas. Houve o apoio de um helicóptero da Divisão de Operações Aéreas e do Grupamento de Operações Especiais, por meio do efetivo do Grupo de Resgate e Intervenção, que integram a Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE). A equipe tática utilizou até um utilitário militar Agrale Marruá, dotado de blindagem.

Organização criminosa é alvo de operação / Foto: Polícia Civil / Divulgação / CP 

Durante o trabalho investigativo, os agentes do Denarc apreenderam os 382 quilos de maconha, nove quilos de cocaína e 6,5 quilos de crack, além de armamento, dinheiro, balança de precisão, petrechos para o tráfico e centenas de adesivos com a marca própria “Na Lata” e “TOP RN253, que é o mesmo número da linha de ônibus RN253 que circulava anteriormente no bairro Renascença, local de origem de Véio Cabeça.

Em entrevista ao Correio do Povo, o delegado Alencar Carraro destacou a suspeita de que a organização criminosa mantinha a própria plantação de maconha em terras paraguaias, perto da fronteira. A droga vinha escondida em caminhões até a Serra, antes de ser levada para a Região Metropolitana de Porto Alegre para posterior abastecimento das facções.

“Véio Cabeça largava drogas para todo mundo. É um dos mais antigos no tráfico de drogas”, observou. “Ele tem um esquema bem complexo de distribuição de drogas”, avaliou o delegado Alencar Carraro. “No final, tudo é negócio”, disse, referindo-se ao abastecimento de drogas para todas facções mesmo rivais entre si. “Certamente a operação terá outras etapas”, adiantou. Além do combate ao narcotráfico, a investigação está direcionada também à lavagem de dinheiro.


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