Patrimônio de barão da droga pode chegar a 100 milhões de dólares, diz delegado

Patrimônio de barão da droga pode chegar a 100 milhões de dólares, diz delegado

Cabeça Branca foi preso nesse sábado na operação Spectrum

Correio do Povo

Cabeça Branca tem condenações que somam mais de 50 anos de prisão

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Após anunciar a captura de um dos maiores barões da droga, Luiz Carlos da Rocha, vulgo Cabeça Branca, a Polícia Federal pretende agora apurar o patrimônio do narcotraficante distribuído entre fazendas, casas, aeronaves, contas bancárias em paraísos financeiros, imóveis e veículos de luxo. “Calculamos que o patrimônio dele seja de 100 milhões de dólares”, estimou o delegado Elvis Secco, da Polícia Federal de Londrina, que coordena as investigações.

O trabalho deve contar com apoio da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai. O criminoso é considerado um dos principais fornecedores de cocaína para as facções criminosas paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) e carioca Comando Vermelho (CV), sendo responsável pela introdução de 5 toneladas da droga por mês em território nacional com destino final aos estados e até ao exterior.

Cabeça Branca foi preso no sábado na cidade mato-grossense de Sorriso, durante o cumprimento de 24 mandados judiciais da operação Spectrum, sendo dois de prisão preventiva, nove de busca e apreensão em imóveis, dez de busca e apreensão de veículos e três de conduções coercitivas nas cidades de Londrina (PR), Araraquara(SP), Cotia (SP), Embu das Artes (SP), São Paulo (SP) e Sorriso (MT). A ação resultou na apreensão de drogas, armamento, veículos e mais de 2 milhões de dólares.

Com condenações que somam mais de 50 anos de prisão, Cabeça Branca é apontado como líder de uma organização transnacional especializada em tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. Ele era um dos traficantes mais procurados há cerca de 30 anos pela Polícia Federal e Interpol na América do Sul. No dia 8 de julho de 2010, uma reportagem do Correio do Povo, intitulada “Cabeça Branca, novo alvo da Polícia Federal e Senad”, já relatava a caçada ao barão da droga na região da fronteira.

A matéria citava que Cabeça Branca tinha forte atuação nas regiões de Canindeyú, Yby Yaú, Concepción e Pedro Juan Caballero, no lado paraguaio, e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, no lado brasileiro. Ele já era considerado “enigmático”, pois raramente seria visto. Na época apurou-se que era dono de 16 fazendas com mais de 10 mil cabeças de gado. Segundo os policiais federais, Cabeça Branca manteve-se foragido nessas três décadas graças às cirurgias plásticas que fez em seu rosto, com o objetivo de não sr identificado. Ele também usava nome falso e vivia discretamente. A mudança no rosto foi tão profunda que a PF teve de empregar todos os recursos periciais para comprovar que se tratava da mesma pessoa.

A organização de narcotráfico dele é considera de extrema periculosidade e violência, sendo empregadas escoltas armadas, ações evasivas, carros blindados, ações de contra-vigilância com o objetivo de impedir a proximidade policial e uso de armas de grosso calibre, além de métodos violentos atos de intimidação para se manter em atividade.

Conforme o trabalho investigativo da PF, o grupo criminoso de Cabeça Branca operava como uma estrutura empresarial, controlando e agindo desde a área de produção em regiões inóspitas e de selva em países como a Bolívia, Peru e Colômbia, até a logística de transporte, distribuição e manutenção de entrepostos no Paraguai e no Brasil. A organização fixou-se também em áreas estratégicas próximas aos principais portos brasileiros e grandes centros de consumo, dedicando-se à exportação de cocaína para Europa e Estados Unidos.

Os policiais federais descobriram que as 5 toneladas de cocaína era transportada mensalmente em aviões de pequeno porte que partiam dos países produtores Colômbia, Peru e Bolívia, utilizando-se do espaço aéreo venezuelano com destino para fazendas no Brasil, na fronteira entre os estados do Pará e Mato Grosso. Depois de descarregada dos aviões do narcotráfico, a droga era colocada em caminhões e carretas, com fundos falsos especialmente preparados para o transporte da droga, cujo destino era o Interior de São Paulo e ao porto de Santos (SP), de onde era exportada para Europa ou Estados Unidos.

Na operação Spectrum houve o sequestro de cerca de 10 milhões de dólares em patrimônio. Conforme a PF, veículos e imóveis tanto no Brasil como no Paraguai estão registrados em nome de “laranjas”. Os presos responderão pelos crimes de tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro, associação para o tráfico, falsificação de documentos públicos e privados e organização criminosa, com penas somadas que passam de 20 anos de prisão.

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