PF e Receita fazem ação contra grupo que teria captado R$ 200 milhões em golpe da bolsa de valores

PF e Receita fazem ação contra grupo que teria captado R$ 200 milhões em golpe da bolsa de valores

Organização teria realizado crime contra vítimas no Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro

Correio do Povo

Houve cumprimento de 17 ordens judiciais e sequestro judicial de bens

publicidade

A Polícia Federal e Receita Federal deflagraram na manhã desta quinta-feira a operação Traders que investiga golpe financeiro de falsos investimentos em bolsa de valores. Um grupo é suspeito de ter captado mais de R$ 200 milhões das vítimas, com a falsa promessa de investimentos em bolsa de valores em operações de day trade.

Cerca de 70 agentes da PF e 15 servidores da RF cumpriram 17 ordens judiciais nas cidades de Umuarama, Guaíra, Douradina, Foz do Iguaçu e Curitiba, no Paraná, e ainda em Taboão da Serra, em São Paulo. Além dos mandados de busca e apreensão, a Justiça Federal determinou o sequestro de automóveis, imóveis e criptoativos. As ordens foram expedidas pela 23ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná.

A investigação começou em 2021 e apurou que os golpistas operavam no Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. Os suspeitos se apresentavam como “traders” para captar economias das vítimas a pretexto de aplicar os recursos no mercado de valores mobiliários.

“Eles se apresentavam como operadores da bolsa de valores e angariam recursos da população com a finalidade de aplicar nas operações chamadas de day trade. Eles prometiam lucro de 6,4% ao mês para quem investisse", explicou o delegado Rafael Favreto Machado. O percentual era acima daqueles praticados no mercado.

"Menos de 20% eram investidos de fato na bolsa de valores e quando era investido, em regra, resultava em prejuízo. O restante do dinheiro acabava sendo dividido entre os líderes esquema e também utilizado para o pagamento dos novos investidores, o que caracterizaria pirâmide financeira", acrescentou.

"Nos primeiros sinais de ruína do esquema, eles mudam o foco de abordagem das pessoas e começam a se identificar como sendo banco digital, criam sites, aplicativos e plataformas, criam sites, aplicativos, plataformas e até uma sede física para dissimular...”, observou o delegado Rafael Favreto Machado. Algumas das vítimas investiram mais de R$ 1 milhão. Os valores eram depositados diretamente nas contas das empresas investigadas e depois transferidas parcialmente para as contas pessoais dos líderes do esquema.

As operações eram feitas através de, ao menos, 22 empresas não autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a captar recursos e realizar investimentos no mercado. Os investigados emitiram e ofereceram valores mobiliários consistentes em contratos de investimento coletivo em nome de empresa de fachada, sem registro prévio de emissão junto à CVM, sem lastro ou garantia suficientes e sem autorização prévia da CVM. Com o passar do tempo, os compromissos assumidos não eram honrados pois os valores arrecadados não eram de fato investidos em operações de bolsa de valores e quando eram não resultavam nos lucros prometidos.

A partir disso, a líder do esquema, que residia em Umuarama, no Paraná, passou a dissimular o objeto fictício das empresas, tendo apresentado aos clientes a alegação de que migraria de “operações em bolsa de valores” para criação um “banco digital” e que deste novo empreendimento conseguiria honrar os contratos de pagamentos de valores, muitos superiores ao que o mercado real costuma pagar a investidores.

O trabalho investigativo dos policiais federais começou a partir da identificação das primeiras filiais das empresas de “operação em bolsa de valores” em pequenas cidades da fronteira paranaense com o Paraguai, como os municípios de Guaíra, Douradina e Umuarama. Os líderes do esquema circulavam com veículos de luxo, praticamente novos, na região de fronteira, incompatíveis com a renda declarada.

A investigação da PF e da RF segue em andamento e tem apoio da CVM, que colaborou com os trabalhos e acompanha as diligências em andamento. Os envolvidos devem responder por crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, Contra o Mercado de Capitais, Contra a Economia Popular, Organização Criminosa e Lavagem de dinheiro.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895