Polícia Civil avalia que reconstituição no Caso Carrefour corroborou com a investigação

A Polícia Civil avaliou que a reprodução simulada dos fatos no Caso Carrefour corroborou com a investigação sobre a morte de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, ocorrida na noite de 19 de novembro do ano passado, quando foi espancado e morto no estacionamento do hipermercado situado no bairro Passo D´Areia.

“Os fatos que ali aconteceram não surpreenderam a Polícia Civil. Todos os fatos e circunstâncias que aconteceram parecem que já estavam apontadas durante a investigação policial”, declarou a Chefe da Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, ao referir-se à reconstituição realizada com o Instituto-Geral de Perícias (IGP) nas noites de terça e de quinta-feira desta semana em Porto Alegre. Ela participou da entrevista coletiva à imprensa na manhã desta sexta-feira no Palácio da Polícia, na Capital.

Lembrando que foi um pedido judicial da defesa de alguns réus, a delegada Nadine Anflor explicou que a reprodução simulada dos fatos será acrescentada agora ao inquérito da 2ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (2ª DPHPP), comandada pela delegada Roberta Bertoldo, e já foi remetido à Justiça.

Já a diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Heloisa Kuser, destacou que foram cumpridos “todos os protocolos técnicos que o IGP segue em seus exames periciais” durante a reconstituição. De acordo com ela, uma reprodução simulada dos fatos apresenta as versões de cada um dos envolvidos.

“Neste caso tivemos 12 versões. A percepção de cada um dos envolvidos foi devidamente registrada”, explicou.

Heloisa Kuser informou ainda que a equipe do IGP farão agora um estudo detalhado da reconstituição para a elaboração de um laudo a ser entregue para a Polícia Civil. "As peritas que estavam à frente deste processo farão um estudo detalhado, trazendo todas as informações para então chegar ao resultado final deste processo", disse.

Tanto na terça como na quinta-feira, a reprodução simulada dos fatos foi dividida em dois momentos. O primeiro foi no Palácio da Polícia, onde testemunhas e réus foram ouvidos e apresentaram as suas narrativas do que ocorreu na noite do crime.

Depois, eles foram para o hipermercado, onde os participantes demonstraram as suas versões, sendo registradas e gravadas. Todo o material será então agora comparado pelas peritas do IGP, inclusive confrontado com o trabalho da investigação.

“Não encontramos nenhuma versão que se contraponha ao que foi dito no inquérito e tampouco as imagens que analisamos que levaram aos indiciamentos”, enfatizou a diretora do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa, delegada Vanessa Pitrez.

“A delegada Roberta Bertoldo não sentiu necessidade deste tipo de prova técnica e pericial uma vez que a cena do crime foi praticamente filmada minuto a minuto, o que permitiu que a Polícia Civil fizesse uma análise adequada e criteriosa de todo o fato que levou à morte de João Alberto”, recordou a delegada Vanessa Pitrez.

Já a delegada Roberta Bertoldo, responsável pela investigação do homicídio, salientou que todos os advogados e assistentes técnicos dos réus, além de um representante do Ministério Público do Rio Grande do Sul, acompanharam a reconstituição. Conforme determinação judicial, apontou a titular da 2ª DPHPP, os advogados podiam apenas formular quesitos sem interferir no trabalho dos peritos.

“Não cabia de modo algum dizer como deveria ser feito e muito menos inquirir as peritas”, frisou. Mais de 100 quesitos foram apresentados nas duas noites de simulação.

DEFESA

O advogado David Leal, que coordena a equipe de defesa de dois réus e um dos autores do pedido de reconstituição, comentou que foi "crucial para o esclarecimento do caso a realização da Reprodução Simulada dos Fatos". Ele fará uma coletiva com os apontamentos técnicos dos peritos contratados nos próximos dias.