Polícia Civil avalia tratar como homicídio a morte de mulher, cadeirante e doente, em Canoas

Polícia Civil avalia tratar como homicídio a morte de mulher, cadeirante e doente, em Canoas

Irmã da vítima havia sido presa por maus-tratos e pode responder também por tortura

Correio do Povo

Falecimento da paciente ocorreu no Hospital Nossa Senhora das Graças

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A Polícia Civil poderá tratar como homicídio a morte da mulher, de 33 anos, cadeirante e portadora de doença degenerativa, vítima de maus-tratos, que estava internada desde a última segunda-feira no Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), em Canoas. A informação é do diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (2ª DPRM), delegado Mario Souza, à reportagem do Correio do Povo neste sábado. “O caso pode ser enquadrado ainda como tortura seguida de morte”, observou. “Será avaliado”, frisou.

Segundo o diretor da 2ª DPRM, uma reunião entre a Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Canoas e a 1ª DP de Canoas, encarregada do inquérito, será realizada na próxima segunda-feira. O delegado Mario Souza confirmou que foi informado sobre o falecimento da vítima, por parada cardíaca, ocorrido no final da noite desta sexta-feira no HNSG.

Ao chegar ao hospital, a vítima, desnutrida e ferida, teve duas paradas cardíacas e precisou ser intubada, permanecendo em estado grave até o momento em que morreu por volta das 23h de sexta-feira. Ainda na segunda-feira, o Serviço Social do HNSG registrou um boletim de ocorrência relatando o estado de saúde dela. O corpo tinha sinais de negligência foram registrados em vídeo e entregues para a Polícia Civil, servindo de subsídio para o trabalho investigativo.

No HNSG, a equipe médica diagnosticou até quadro clínico de lúpus sem tratamento, infecção bacteriana e septicemia. “Estamos acostumados a receber pacientes em situações críticas, mas nenhum em situação tão grave quanto essa jovem”, afirmou o assistente social Júlio Cezar Picolotto.

Já o titular da 1ª DP de Canoas, delegado Rafael Pereira, declarou que “jamais havia investigado situação com crueldade semelhante, jamais havia se deparado com tamanha violação ao princípio da dignidade humana”. Segundo ele, a vítima foi encontrada em estado de saúde e moradia deplorável, com ratos, no escuro, sem comida e em estado gravíssimo de vida.

“Foi a cena mais impressionante que já vi na minha atividade na Polícia Civil. A vítima estava em absoluto sofrimento”, desabafou o delegado Mario Souza. “Isso foi um crime contra toda a sociedade”, avaliou o diretor da 2ª DPRM.

Após a denúncia e investigação, os policiais civis deflagraram a operação Resgate, sendo cumprida uma ordem judicial de prisão e de busca e apreensão em Canoas. O alvo do mandado foi a irmã da vítima, apontada como responsável pelos crimes contra a enferma. A acusada foi presa e encaminhada ao sistema prisional.

O secretário municipal de Segurança Pública de Canoas, Emerson Wendt, qualificou a situação como desumana e estarrecedora. “Trabalhamos muito para enfrentar todos os tipos de violências no município, sobretudo, a doméstica e familiar através de programas de prevenção. Então, deparar com um caso assim é sempre desafiador profissional e pessoalmente, visto a gravidade da situação e a forma desumana pela qual essa jovem era tratada pela própria família”, destacou.

A Secretaria Municipal da Cidadania de Canoas também atuou no caso. O secretário Paulo Bogado disse que foram acionados os assistentes sociais para proceder o acolhimento do filho da vítima.


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