Polícia Civil indicia dois manifestantes de ato bolsonarista ocorrido no dia 21 de abril no Parcão
Um deles fingiu ser carrasco do Ku Klux Klan e enforcou um boneco com roupa preta pendurado em uma árvore
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A Polícia Civil anunciou na manhã desta sexta-feira a conclusão e o envio ao Poder Judiciário do inquérito que apurou o episódio em que manifestantes de um ato bolsonarista encenaram uma execução por enforcamento no cruzamento da avenida Goethe com a rua Mostardeiro, junto do Parcão, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. O fato ocorreu no dia 21 de abril deste ano.
Houve dois indiciamentos. A investigação do episódio foi conduzida pela Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI), sob comando da delegada Andrea Mattos. “A DPCI investigou o caso a partir de denúncia feita por representantes da Câmara de Vereadores da Capital e de onze organizações civis”, informa a Polícia Civil em nota oficial. “Duas pessoas serão indiciadas por dolo eventual por crime previsto no art. 20, da Lei 7.716/89 (Lei do Crime Racial)”, observa o comunicado.
“Na data do fato, um dos manifestantes se vestiu como um carrasco, com traje semelhante ao utilizado pelo grupo terrorista Ku Klux Klan, organização extremista que defendia a supremacia branca e fazia oposição aos movimentos de direitos civis, e enforcou “em praça pública” um boneco, fantasiado com uma roupa preta, o qual foi pendurado em uma árvore, em método de execução pelo qual o citado grupo ficou conhecido durante a perseguição que promovia ataque a minorias em geral e especialmente aos negros”, relata a nota oficial.
“Durante a investigação, tanto manifestantes como representantes das organizações civis foram ouvidos e, ainda que os suspeitos argumentassem a ausência de intenção de promover o racismo, houve claramente uma alusão a grupos supremacistas, uma vez que a túnica e o capuz bem como a encenação remetem automática e incontestavelmente ao movimento histórico do Ku Klux Klan”, acrescenta a Polícia Civil.
Conforme a delegada Andrea Mattos, a reprodução de “uma cena de assassinato durante uma manifestação político-ideológica” não pode ser vista com normalidade. “A encenação foi um ato de ódio, um ataque aos Direitos Humanos, extrapolou a normalidade democrática. A sua intenção e efeito lógico são o sentimento de insegurança de todas as pessoas que pertencem ao grupo atacado”, avaliou. “E o sentimento de ódio que costuma motivar os ataques está intimamente relacionado aos preconceitos construídos histórica e socialmente contra as mais diversas minorias sociais”, concluiu.