Polícia Civil investiga golpes em idosos e pessoas humildes em Encruzilhada do Sul

Polícia Civil investiga golpes em idosos e pessoas humildes em Encruzilhada do Sul

Vinte contas bancárias foram bloqueadas e as atividades de uma financeira suspensas na cidade

Correio do Povo

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A Polícia Civil de Encruzilhada do Sul deflagrou na manhã desta terça-feira a operação Audácia, que investiga uma instituição financeira suspeita de aplicar golpes em idosos e em pessoas humildes com baixa instrução. A ação foi comandada pela delegada Luana Medeiros. Os agentes apreenderam documentos, provas das falsificações realizadas, computadores, telefones celulares e um veículo de luxo, além de duas armas e 26 munições. Em torno de 20 contas bancárias foram bloqueadas e suspensas as atividades da empresa, cujo dono é uma família.

Houve o cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão nas duas sedes da financeira e nas residências dos investigados na cidade. A Brigada Militar prestou apoio durante a operação. Segundo a delegada Luana Medeiros, os crimes investigados são de estelionato, falsidade ideológica e falsificação de documentos particulares. De acordo com ela, os suspeitos “ostentam uma vida de glamour, com festas e viagens caras, veículos de luxo, diversos imóveis e uma mansão no centro da cidade”.

Conduzindo a DP de Encruzilhada do Sul há somente sete meses, a delegada Luana Medeiros começou a ouvir os boatos que circulavam na cidade, dando conta de que uma família, dona de uma financeira, aplicava os golpes. Ocorrências e inquéritos dispersos ou arquivados foram então reunidos. Um novo trabalho investigativo foi aberto e instaurado outros novos 19 procedimentos.

MODUS OPERANDI

Conforme as investigações, os investigados cometiam os crimes há mais de dez anos no município. Mais de 100 golpes em idosos e analfabetos teriam sido cometidos. Com os dados pessoais das vítimas, obtidos de maneira ilícita, os investigados acessavam as informações bancárias e quais as margens consignáveis que elas possuíam em suas aposentadorias.

Assim, os golpistas efetuavam empréstimos não consentidos em nome das vítimas por meio da falsificação das assinaturas nos contratos ou em procurações, ou mesmo através de engodos como dizer aos idosos que haviam ganho um “prêmio” e que deviam assinar um recibo para receber o mesmo. Na verdade, as vítimas assinavam um contrato de empréstimo em branco que posteriormente era completado pelos criminosos.

Segundo a delegada Luana Medeiros, outra maneira de agir era fazendo com que as vítimas assinassem os contratos sem saber do que se tratava. “Não foram poucos os casos em que, em meio a contratos lícitos, consentidos pelos clientes, os investigados colocavam outros documentos para serem assinados, fazendo com que as vítimas firmassem outros empréstimos, esses sem ter vontade”, observou. “Por meio desse tipo de fraude, teve uma vítima idosa que chegou a sofrer um prejuízo de cerca de R$ 225 mil”, relatou.

Em geral, as vítimas notavam que suas aposentadorias estavam vindo em valores bem abaixo do que deveriam e, após retirarem um extrato do INSS, percebiam a inclusão de inúmeros empréstimos por elas não consentidos. “Muitos idosos sofreram, desde abalos psíquicos, sem dormir bem à noite, devido ao nervosismo, até graves dificuldades financeiras. Houve quem não pudesse, ao final da vida, sequer comprar os remédios de que necessitava”, frisou a titular da DP de Encruzilhada do Sul.

Durante o cumprimento dos mandados, mais uma possível forma de estelionato foi descoberta pelos agentes. Ao ser localizada a carteira de trabalho de uma investigada, os policiais civis perceberam que havia sido demitida da financeira, mas continuava trabalhando diariamente na função de gerente. O objetivo dela era ter acesso ao auxílio emergencial devido à pandemia da Covid-19. Em razão dos indícios, esse fato foi encaminhado à Polícia Federal.

 


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