Polícia Civil investiga morte de jovem após show de Luísa Sonza em Porto Alegre

Polícia Civil investiga morte de jovem após show de Luísa Sonza em Porto Alegre

Amigos e familiares alegam negligência no atendimento da jovem

Felipe Uhr

Alice iria se formar em Medicina Veterinária em 2023

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A Polícia Civil investiga uma morte ocorrida no último sábado após o show da cantora Luísa Sonza, no Pepsi On Stage, em Porto Alegre. Segundo amigos e familiares, Alice Moraes, de 27 anos, teria passado mal e tido atendimento negado pela empresa responsável pelo serviço médico no evento.

“Estamos iniciando a apuração dos fatos, com a oitiva das pessoas que estiveram no local”, informou o delegado substituto da 4ª Delegacia da Polícia Civil, Alexandre Vieira. Segundo ele, a vítima não tinha sinais de violência. “Estamos aguardando agora a perícia para saber a causa da morte, mas isso vai demorar alguns dias", explicou.

Era por volta das 2h da madrugada quando Alice passou mal. “Ela tinha ido ao banheiro, depois de alguns minutos recebi a mensagem dela, 1h59 da manhã, dizendo que estava na ambulância”, conta Camilla Rodrigues, amiga que estava junto no show da cantora. Quando Camilla foi ao encontro da amiga, Alice estava sozinha e sem acompanhamento médico. “Ela estava do lado da ambulância, sentada em uma cadeira e com os pés em outra, já desacordada”, conta.

Um tempo depois, chegou a irmã de Alice, Andreia, que também estava no show. “Ela estava inconsciente, mas respirava”, relata a irmã da vítima. “Não tinha ninguém monitorando ela, a mulher que estava no atendimento, que eu não sei se era enfermeira, disse que não podiam intervir, porque ela estava bêbada.”

Segundo os relatos da irmã e da amiga, sem receber os primeiros socorros, Alice piorou. “Comecei a perceber que ela não estava respirando, chamei a moça, ela tirou o pulso, a pressão foi miníma, 7 por 5. Foi aí que ela chamou outra ambulância”, diz Andreia. Segundo a irmã, nem a profissional nem o motorista da ambulância mencionaram sair do local. A justificativa, afirma, foi de que a ambulância era a única no local e, por isso, não poderia sair dali.

“Só prestaram socorro quando ela estava praticamente morta, começaram a fazer as manobras cardíacas, tentaram fechar a porta da ambulância e eu impedi, nisso chegou a SAMU”, relata Camilla. De acordo com a amiga, quando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência chegou, Alice já havia morrido. “Fecharam a porta da ambulância e não deixaram a gente vê-la, depois eu ouvi que ela estava morta.”

Alice estava no último ano do curso de graduação de Medicina Veterinária. “Ela adotou 20 cachorros, cuidava deles com muito amor. É muito triste”, conta a tia da vítima, Mariana Medaglia. Tanto a irmã Andreia quanto a amiga Camilla alegam despreparo e negligência no atendimento prestado. “Provavelmente, se eu não estivesse ali, eles iam ver que ela estava morta na cadeira mesmo, a moça deixou ela ali. Foi uma negligência muito absurda,” alega Camila. “Um show de cinco mil pessoas e uma enfermeira que me parecia extremamente despreparada”, completa a irmã.

Produtora afirma que seguiu protocolos

A Opinião Produtora disse que realizou todas obrigações legais que o evento demandava, como a contratação de uma equipe ambulatorial com a presença de uma enfermeira e de um médico remoto. “Nós seguimos todos os protocolos que o show exige. Se houve falhas no atendimento, eu não sei te dizer”, explicou o sócio-diretor da produtora, Claudio Favero.

Quem prestava o serviço ambulatorial durante o show da cantora Luísa Sonza era a Transul Emergências Médicas. A reportagem entrou em contato com a empresa, mas não obteve resposta.

A Transul também se manifestou, por nota oficial abaixo:

A TRANSUL Emergências Médicas vem à público manifestar-se sobre atendimento ao evento cultural realizado na casa de eventos Pepsi On Stage em Porto Alegre, no dia 16/07/2022.

Foi realizada contratação de Ambulância de Suporte Básico - USB, conforme portaria 2048/2002 do Ministério da Saúde, para atendimento ao evento das 17:00 às 05:00 horas.

Por volta das 03:30 da manhã recebemos, dos seguranças do evento,  solicitação de atendimento à  'Alice Moraes', 27 anos,  que foi conduzida pelos mesmos até a ambulância. Foi realizado atendimento na ambulância e regulação médica com objetivo de remover paciente para serviço de urgência e emergência. Logo após regulação inicial paciente evolui rapidamente com piora do quadro geral, entrando em parada cardiorespiratória, imediatamente iniciou-se atendimento conforme protocolo BLS (Basic Life Support) e foi acionado recurso de Ambulância com Suporte Avançado - USA para atendimento no local, sendo mantido protocolo de atendimento até o momento em que foi orientado cessar reanimação cardiopulmonar por médico da ambulância da SAMU presente na cena e  quem atestou óbito da paciente.

Posteriormente, foram comunicadas autoridades policiais sobre o fato.

Seguindo a legislação brasileira não nos é permitido fornecer dados pessoais, relatórios, exames ou boletins de atendimento da paciente, salvo para os seus  representantes legais,  autoridade policial ou ainda por ordem judicial.
 
Lamentamos profundamente o desfecho do fato ocorrido e prestamos nossa solidariedade e condolências à família.

Permanecemos à disposição para colaborar com o que for necessário para esclarecer fatos relacionadas ao atendimento.


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