Polícia Civil pede na Justiça acesso aos prontuários médicos do piloto Samuel Ferla

Polícia Civil pede na Justiça acesso aos prontuários médicos do piloto Samuel Ferla

Investigação da 1ª DP de Viamão apura eventual negligência do hospital da cidade no atendimento à vítima, que morreu no domingo passado após acidente em prova de motovelocidade no aeródromo de Tarumã

Correio do Povo

O corpo foi sepultado nesta terça-feira em Garibaldi, terra natal

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A Polícia Civil pediu à Justiça que o Hospital de Viamão forneça todas as informações solicitadas no caso da morte do piloto de motovelocidade Samuel Ferla, 37 anos, durante atendimento na instituição, após ele ter sofrido uma queda no domingo passado em uma prova no autódromo de Tarumã.

“Ainda não tivemos acesso aos prontuários médicos. O hospital não nos forneceu. Entrei com pedido judicial para ver se a gente consegue”, explicou a titular da 1ª DP de Viamão, delegada Marcela Brito à reportagem do Correio do Povo nesta terça-feira. “Eu requisitei também as imagens do hospital, da entrada e da saída, para ver que o horário que a vítima entrou e saiu”, ressaltou. Os laudos de necropsia do Instituto-Geral de Perícias, com as causas da morte do piloto, ainda não foram concluídos.

“O que tenho é um documento emitido pelo hospital, que seria o atestado de óbito, afirmando provável choque hipovolêmico”, salientou. “Só teremos apenas certeza com a necropsia, que ainda está em elaboração pelo IGP”, frisou a titular da DP de Viamão. O choque hipovolêmico acontece quando o paciente tem uma enorme perda de sangue, como decorrência por exemplo de uma hemorragia interna.

Dentro da investigação, a delegada Marcel Brito pretende ouvir os funcionários que estavam trabalhando naquele dia. “Solicitei a escala de plantão de domingo e também não foi informado pelo hospital. Estou no aguardo. Até então não recebi nada e por isso fiz o pedido judicial nessa segunda-feira”, disse. “O foco, a linha principal de investigação recai sobre eventual negligência por parte do hospital. Não tenho informações assertivas e objetivas. Eu tenho só depoimentos. Eu preciso das informações do hospital”, ressaltou.

O Sul Brasileiro de Motovelocidade divulgou nota oficial na qual manifestou “profundo pesar” pelo falecimento do “nosso piloto e amigo Samuel Ferla, o Samu”. O piloto foi atendido primeiro por uma médica e enfermeiro no autódromo, sendo encaminhado ao Hospital de Viamão.

“Piloto chegou consciente e sinais estáveis com queixa de dor no quadril. Ficou na triagem e avaliado previamente e apenas tratado com sedativos para dor e não tratado como gravidade pelo hospital porque nenhum outro dado era relevante a equipe de plantão. Samuel deu entrada no hospital perto das 16 horas e esteve todo o tempo acompanhado por outro piloto que foi convidado a sair do hospital duas vezes por insistir no atendimento do Samuel", diz a nota.

Natural de Garibaldi, na Serra, Samuel Ferla deixou esposa e um filho pequeno, além dos pais. O sepultamento aconteceu na manhã desta terça-feira no cemitério público municipal da cidade. Ela fazia parte do grupo Motochamp de Garibaldi e corria nas provas com o número 97. O grupo postou uma homenagem: “Nosso eterno 97. A ficha não caiu. Faltam palavras, estamos incrédulos. Esta é uma pequena homenagem a ti que foi um grande piloto, grande amigo e grande pai”.

O Hospital Viamão também manifestou-se através de uma nota oficial. “Ao chegar na instituição, foi prontamente atendido pela equipe médica da emergência, composta de médicos clínicos e cirurgiões. Inicialmente submetido a tratamento de estabilização. Enquanto estava realizando exames diagnósticos para a correta avaliação das lesões, apresentou parada cardíaca. O diagnóstico final da causa mortis é fornecido por médicos legistas, conduta obrigatória em casos de óbitos decorrentes de traumas”, esclareceu a instituição, que negou a permanência da vítima por três horas na triagem.


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