Polícia Civil prende fisioterapeuta suspeito de abusar de pacientes em Canoas e Porto Alegre

Polícia Civil prende fisioterapeuta suspeito de abusar de pacientes em Canoas e Porto Alegre

Ele se auto intitulava terapeuta holístico e aproveitava-se da fragilidade emocional das vítimas, segundo investigadores

Correio do Povo

Documentos, como recibos, cheques e notas fiscais, foram apreendidos junto com notebooks e celular

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Um fisioterapeuta que se autointitulava terapeuta holístico foi preso como suspeito de abusar sexualmente das pacientes, durante a operação Chakras realizada na manhã desta segunda-feira pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Canoas (Deam) de Canoas.

Fisioterapeuta de formação, o homem, de 35 anos, teve a prisão preventiva decretada com base em inúmeros depoimentos de vítimas que relataram terem sido submetidas à “terapia sexual” como forma de tratamento. A ação ocorrida no bairro Igara foi coordenada pela delegada Clarissa Demartini. Houve ainda o cumprimento de dois mandados de busca e apreensão, sendo apreendidos documentos como recibos, cheques e notas fiscais, além de dois notebooks e um celular.

Investigação 

A investigação começou em maio passado quando registros de duas ocorrências de crime envolvendo violência sexual praticados pelo terapeuta foram feitas na Deam de Canoas. Os agentes apuraram então que o suspeito proclamava-se também palestrante, escritor, professor, atuante com física quântica e a técnica de apometria sistêmica. Ele realizava atendimentos particulares de psicoterapia, atendendo majoritariamente clientes de Canoas e de Porto Alegre.

O diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana de Canoas, delegado Mario Souza, observou que as vítimas apresentavam em comum muita fragilidade emocional e o investigado era visto como um “mestre” para elas, valendo-se da confiança e sigilo sobre a técnica empregada. Segundo o titular da 2ª DPRM, quando as vítimas informavam que tinham algum problema íntimo de cunho sexual, ele iniciava a aproximação física com as pacientes, evoluindo para o contato direto. O terapeuta insistia para que suas pacientes continuassem o tratamento com ele e não procurassem outros profissionais ao alegar que elas precisavam acreditar no tratamento proposto e não contar para ninguém sobre a técnica utilizada de terapia sexual.

Mário Souza destacou que, durante as sessões, o terapeuta começava com conversas e posteriormente evoluía para contatos físicos com toques no corpo da paciente, aproximando-se a cada sessão, quando sugeria para que elas tocassem nele e fizessem sexo. Várias vítimas que fizeram terapia individual com o investigado também realizaram cursos e participaram de palestras ministradas por ele, o qual dizia que seus cursos as fariam crescer profissionalmente e render-lhes muito dinheiro. Algumas dessas pacientes gastaram, porém cerca de R$ 25 mil sem retorno. Cada consulta custa em torno de R$ 250,00. O titular da 2ª DPRM acredita que o número de vítimas deve ser muito grande e, por isso, o trabalho investigativo terá prosseguimento.

A delegada Clarissa Demartini salienta a importância da ação pelo “caráter repressivo contra o abusador” e que “serve de incentivo para que outras mulheres se sintam encorajadas a denúncias possíveis abusos sofridos”. Para o delegado Mario Souza, a “fragilidade das mulheres que procuravam ajuda do terapeuta contribuiu para que ele cometesse abuso nelas, pois se valia de sua condição de guru espiritual para, segundo as investigações, convencer a manter contato sexual”. Ele admitiu que se trata de “um caso chocante” e o que as mulheres relatam ter passado é “de extremo sofrimento”.


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