Polícia Civil quer transformar mais de 100 carros apreendidos em viaturas
Além dos veículos, montante conta também com 38 imóveis e duas aeronaves
publicidade
A Polícia Civil está dando os próximos passos da megaoperação Kraken, que atingiu o coração financeiro da facção do Vale do Rio dos Sinos na última terça-feira. A ação resultou no sequestro judicial de 102 veículos, sendo que mais de 50 deles foram apreendidos, bem como 38 imóveis e duas aeronaves. Houve ainda 812 quebras de sigilo fiscal, bancário, tributário e bursátil. O alvo foram cerca de R$ 50 milhões em bens e valores da organização criminosa gaúcha.
“Nossa ideia é a de que esses bens, como veículos e imóveis, passem ao Estado”, frisou o diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (2ª DPRM), delegado Mario Souza, na manhã deste sábado. “Em relação aos carros, nossa intenção é que sejam transformados em viaturas”, adiantou. Os veículos foram comprados pela facção criminosa, muitos deles de luxo como Maserati, Cadilac, BMW, Jaguar, Audi, Volvo e Camaro, entre outros.
Ele explicou ainda que todo o material apreendido está sendo analisado e a expectativa é a de saber, por exemplo, a quantia em valores existente nas 190 contas bancárias dos investigados e que foram bloqueadas judicialmente. “Não sabemos quanto têm”, enfatizou.
A organização criminosa, envolvida com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, homicídios e roubos, tinha planos inclusive de roubar carros de luxo na praia de Jurerê Internacional, no Norte da Ilha de Santa Catarina. O grupo comprava os veículos e imóveis no RS e SC, além de adquirir empresas para conversão de valores e investir até mesmo em bolsas de valores.
A investigação começou no final do ano de 2020, sendo conduzida pela 2ª DPRM e pela 1ª DP de Sapucaia do Sul, chefiada pelo delegado Gabriel Borges. "O trabalho investigativo foi focado na lavagem de dinheiro da facção e que após o recebimento dos dados bancários e fiscais em decorrência do sigilo quebrado uma profunda análise será realizada para buscar mais bens e valores do grupo criminoso, complemento o delegado Gabriel Borges.
A megaoperação Kraken teve 207 investigados e 58 presos. Em torno de 1,3 mil agentes públicos cumpriram 1.368 ordens judiciais, incluindo 273 mandados de busca e apreensão e 66 mandados de prisão em 28 cidades no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. A ação ocorreu ainda em 13 casas prisionais gaúchas e uma penitenciária federal.
Os policiais civis apuraram que a facção mantinha contatos com organizações criminosas no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, bem como cartéis internacionais na Bolívia e na Colômbia.
“Isso representa uma derrota da lavagem de dinheiro. O crime organizado gaúcho sofreu um golpe muito forte. É o maior golpe econômico”, ressaltou o delegado Mario Souza.. “É o maior esquema de lavagem de dinheiro do crime organizado gaúcho”, acrescentou.
“Agimos em toda a estrutura da organização. A coluna vertebral econômica foi quebrada”, assinalou. “Foi um trabalho de repressão qualificada realizado para quebrar as finanças do crime organizado”, concluiu o delegado Mario Souza.