Polícia Federal de SC prende fotógrafo por produzir imagens de meninas para sites de pedofilia

Polícia Federal de SC prende fotógrafo por produzir imagens de meninas para sites de pedofilia

Com estúdio em Balneário Camboriú, suspeito foi alvo de operação ocorrida também em Porto Alegre

Correio do Povo

Vítimas eram filmadas e fotografadas com promessa de agenciamento de modelos em trabalhos de moda e publicidade

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Um fotógrafo e agenciador de modelos de Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, foi preso na operação Abusou desencadeada pela Polícia Federal. A investigação busca desarticular uma organização criminosa que atua há 20 anos na produção de imagens sensuais e erótica de crianças e adolescentes para fins de comercialização em sites de pedofilia no exterior. Mais de 120 vítimas brasileiras, com idades que variam entre quatro e 18 anos, foram identificadas até o momento.

Com um estúdio montado em Balneário Camboriú, o fotógrafo é suspeito de produzir, disponibilizar e comercializar fotos de crianças e adolescentes em poses sensuais e eróticas para sites internacionais. Mais de 80 vítimas já o denunciaram.

A ação com dez ordens judiciais foi desencadeada nessa quinta-feira em Balneário Camboriú e também no Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Santana do Parnaíba (SP) e Porto Alegre (RS), onde foi cumprido um mandado de busca e apreensão. Houve ainda o sequestro e bloqueio de bens dos investigados.

Mídias, computadores, documentos, fotos, vídeos, telefones celulares e material do estúdio do fotógrafo foram recolhidos pelos agentes. As medidas cautelares foram expedidas pela 1ª Vara Federal de Itajaí, em Santa Catarina.

A investigação da Polícia Federal apurou que desde o ano de 2001 a organização criminosa filmava e fotografava meninas e jovens com roupas de banho e sem peças íntimas. A promessa feita para as vítimas era de que o material seria utilizado para agenciamento de modelos em trabalhos de moda e publicidade, além do argumento de que as imagens seriam exigência das empresas.

Entretanto, as imagens, nomes e perfis de redes sociais eram vendidas na deepweb, o lado obscuro da internet, por meio de sites na internet controlados pelo grupo e hospedados em países como a República Tcheca, Estados Unidos e Rússia. Os policiais federais identificaram ainda que essas imagens eram comentadas e compartilhadas por indivíduos que expressavam interesse em abuso sexual infantil e também em fazer contato com as garotas.

A comercialização das imagens era feita por diferentes meios de pagamentos, como cartões de crédito, transferências internacionais e mais recentemente por criptomoedas. O montante total das transações está sendo apurado.

O principal fotógrafo do grupo, preso preventivamente em Balneário Camboriú, é também acusado da prática de crimes sexuais e de induzir as modelos a trocarem de roupa em seu carro e no estúdio fotográfico, onde existiam espelhos e câmeras estrategicamente posicionadas para registrá-las nuas.

Cerca de 200 mil arquivos de imagens e vídeos estão sendo analisados pelo Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil da Polícia Federal, em Brasília, que atua igualmente na investigação. O Secretariado Geral da Interpol também presta apoio no trabalho investigativo da Polícia Federal, que conta com informações provenientes da Agência de Investigações de Segurança Interna da Embaixada dos Estados Unidos.

Dez pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal pelos crimes de organização criminosa, violação sexual mediante fraude, importunação sexual, assédio sexual, registro não autorizado da intimidade sexual, disponibilização de material pornográfico e estupro de vulnerável. Os indiciados poderão responder pelos crimes citados, tipificados em Lei e no Estatuto da Criança e do Adolescente.


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