Polícia Federal deflagra operação contra organização comandada pelo barão da droga Pavão

Polícia Federal deflagra operação contra organização comandada pelo barão da droga Pavão

Narcotraficante foi preso em 2009 no Paraguai e extraditado para o Brasil em 2017

Correio do Povo

Houve o cumprimento de 88 ordens judiciais em Rondônia, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal

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A Polícia Federal deflagrou no início da manhã desta quinta-feira a operação Pavo Real com o objetivo de desmantelar financeiramente uma organização criminosa dedicada à lavagem e ocultação de bens, direitos e valores obtidos através do tráfico internacional de drogas. O grupo é comandado pelo barão da droga conhecido como Pavão, que encontra-se recolhido na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia. O narcotraficante havia sido capturado em dezembro de 2009 no Paraguai e extraditado para o Brasil em dezembro de 2017.

Na ação foram cumpridos 21 mandados de prisão, sendo 16 preventivas e cinco temporárias, e outros 67 mandados de busca e apreensão em Rondônia, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal. O sequestro de bens também foi executado pela Polícia Federal com apoio do Departamento Penitenciário Nacional e da Receita Federal. As ordens judiciais foram expedidos pela 3ª Vara da Justiça Federal em Rondônia.

Investigação 

As investigações foram iniciadas em fevereiro do ano passado pela Polícia Federal em Rondônia com a finalidade de identificar a ocultação de bens e a movimentação de valores por Pavão, que possui vasto histórico criminal e condenações pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e posse ilegal de arma de fogo.

No período, a Justiça Federal determinou o bloqueio de mais de R$ 302 milhões das contas de 96 investigados, entre pessoas físicas e jurídicas, e a suspensão da atividade comercial de 22 empresas utilizadas pela organização criminosa para a movimentação dos valores ilícitos. Houve ainda o sequestro específico de 17 veículos de luxo, com valores individuais de mercado superiores a R$ 100 mil cada, que somados alcançam um valor aproximado de R$ 2.3 milhões. Cerca de 50 imóveis, avaliados em mais de R$ 50 milhões, além de dezenas de outros imóveis, registrados em nome de membros da organização criminosa, também foram confiscados judicialmente.

A partir dos levantamentos realizados pela PF foi identificada a existência de uma organização criminosa voltada para a ocultação do patrimônio obtido com o tráfico internacional de drogas, composta em grande parte pelos familiares de Pavão, incluindo a esposa, mãe, padrasto, filhos, genros, irmãos e sobrinhos, todos com prisão decretada agora pela Justiça Federal de Porto Velho.

Ao longo do trabalho investigativo foram apreendidos bilhetes redigidos de próprio punho pelo narcotraficante na cela dele na penitenciária federal. Os papéis continham anotações de diversos imóveis identificados apenas por siglas e codinomes, tanto no país quanto no exterior. A organização criminosa controla o tráfico internacional de drogas na fronteira entre o Mato Grosso do Sul e o Paraguai, estabelecendo ainda uma verdadeira “guerra” contra facções e organizações rivais.

Aliados 

No passado, ele já foi aliado da facção Primeiro Comando da Capital (PCC). A facção gaúcha Os Manos também esteve associada ao narcotraficante, junto com o paraguaio Capilo, então líder do PCC na cidade de Pedro Juan Caballero. Natural de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, Pavão atuou e residiu por muito tempo nos anos 1990 em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

Em junho do ano passado, a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da operação com o cumprimento de mandados de busca em imóveis de alto padrão, alugados pelos familiares de Pavão em Porto Velho. No Rio Grande do Sul, a PF realizou cinco operações tendo Pavão com alvo.

A última ação ocorreu em agosto de 2017 em Caxias do Sul, na Serra, e em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Em maio de 2018, a 5ª Vara Federal de Caxias do Sul condenou Pavão e outros seis acusados de operar um esquema de tráfico internacional que trazia cocaína para a região serrana gaúcha.


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