Polícia Federal investiga aquisição de material médico hospitalar para cirurgias através do SUS

Polícia Federal investiga aquisição de material médico hospitalar para cirurgias através do SUS

Um dos investigados teria recebido R$ 1,5 milhão pelo direcionamento da aquisição de equipamentos neurocirúrgicos

Correio do PovoPolícia

Houve cumprimento de 17 ordens judiciais em Passo Fundo, Porto Alegre, Florianópolis, Lages e São Paulo

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A Polícia Federal de Passo Fundo desencadeou no início da manhã desta quinta-feira a operação Círculo de Willis com o objetivo de apurar os crimes de corrupção e sonegação tributária a partir do fornecimento de materiais médico hospitalares para realização de cirurgias através do SUS em hospitais. Um dos investigados teria recebido R$ 1,5 milhão pelo direcionamento da aquisição de materiais neurocirúrgicos pelo SUS.

Cerca de 80 agentes cumpriram 17 mandados de busca e apreensão em Passo Fundo e Porto Alegre, além de Florianópolis (SC), Lages (SC) e São Paulo (SP). Documentos foram recolhidos e serão agora analisados. Os crimes apurados são corrupção passiva, corrupção ativa e sonegação tributária.

A investigação começou em 2019 a partir de informações coletadas na operação Efeito Colateral, deflagrada em 2018. Houve a constatação na época de uma relação ilícita entre médicos e empresas fornecedoras de materiais hospitalares. Os profissionais da saúde receberiam em tese valores pelo direcionamento do uso de produtos das empresas investigadas em procedimentos neurocirúrgicos, majoritariamente realizados através do SUS.

Conforme os policiais federais, as comissões pagas aos investigados variavam entre 20% e 25% dos valores dos produtos utilizados nas cirurgias. Em 2013, um dos médicos investigados teria realizado 84 procedimentos cirúrgicos com materiais fornecidos pela empresa ao custo aproximado de R$ 1,4 milhões e recebido R$ 284 mil.

Desse valor, R$ 190 mil seriam dos procedimentos realizados através do SUS. A estimativa é de que, no período de 2013 a 2018, esse investigado teria recebido indevidamente R$ 1,5 milhão, considerando apenas os procedimentos realizados através da rede pública.

Diligências indicaram que parte dos valores eram entregues em envelopes, de forma dissimulada, durante eventos médicos realizados no país, sem a devida declaração ao fisco. Houve também a identificação de que o principal investigado teria se tornado sócio oculto de uma fornecedora de molas (stent neurológico) nacionais. A aquisição desses materiais pelo hospital em que atuava também era submetida à influência dele.

Outra fraude investigada pela Polícia Federal diz respeito ao estudo sobre eficiência da mola nacional, utilizada pelo principal investigado em cirurgias pelo SUS. O médico teria celebrado acordo comercial com empresa privada para elaborar um estudo clínico que apontaria a eficácia do equipamento comercializado por ele. No entanto, em razão de desacordo comercial, o médico deliberadamente alterou o resultado do estudo, passando a apontar que o produto apresentava complicações superiores a 90%.


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