Polícia identifica presos responsáveis por festa com cocaína dentro do Central
Cinco detentos ligados à facção Os Manos foram indiciados
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O vídeo da confraternização, com cerca de 60 apenados reunidos em torno de uma mesa de madeira onde estavam 150 fileirinhas da droga prontas para livre consumo, circulou nas redes sociais no início deste ano. Responsável pelo trabalho investigativo na chamada Operação Zero Um, o delegado Thiago Lacerda estimou que as imagens foram gravadas entre outubro e setembro do ano passado. “Abrimos inquérito e apuramos a questão do tráfico em si”, observou.VÍDEO: Polícia Civil identifica e responsabiliza cinco detentos da facção 'os manos' pela 'farra do pó' ocorrida no presídio central, em Porto Alegre pic.twitter.com/01JyAwcIr4
— Correio do Povo (@correio_dopovo) 17 de abril de 2018
O motivo da confraternização entre os presos da facção permanece uma incógnita. “A motivação não conseguimos saber pois é difícil de ser apurada”, esclareceu. O vídeo vazou para as redes sociais ao invés de ter sido divulgado de propósito. “Não foi nada intencional. A gente acredita que vazou pois isso gera sanções administrativas para eles”, ressaltou, referindo-se aos prejuízos sofridos pelos membros da facção como apreensão de drogas e celulares na revista ocorrida depois nas celas e também o provável reflexo nas penas que estão cumprindo. “Acredito que foi um acidente”, enfatizou.
Os apenados possuem extensa ficha de antecedentes criminais, incluindo tráfico de drogas, extorsão mediante sequestro, homicídios, roubos e latrocínios, entre outros delitos. Eles ocupariam posições hierárquicas dentro da facção. “São indivíduos de periculosidade”, apontou o delegado Thiago Lacerda. Os detentos estão sendo indiciados por tráfico de drogas e associação criminosa com agravante, sendo solicitadas as prisões preventivas dos mesmos. “O objeto desse inquérito foi o de apurar o fato em si, mas temos outras investigações em andamento”, garantiu.
Já o diretor de investigações do Denarc, delegado Mário Souza, lembrou que a identificação dos detentos que organizaram a festa com cocaína foi a primeira fase da Operação Zero Um. A segunda etapa, explicou, será descobrir quem possibilitou o ingresso ilegal do entorpecente no estabelecimento prisional com o intuito de abastecer os integrantes da facção. “Temos várias formas conhecida de entrada de droga no presídio, como através de visitas, desvio de conduta e arremessos”, assinalou.
O grupo criminoso será por sua vez o alvo de uma terceira fase da operação Zero Um. “O mais importante foi a responsabilização de quem organizou a logística para que a droga fosse oferecida à fila de detentos”, afirmou. “Isso terá consequências bem prejudiciais para esse pessoal”, previu. “Fazer uma investigação dentro do sistema prisional, com todo aquele contexto, é difícil e complexo”, concluiu o delegado Mário Souza.