Polícia indicia homem por estupro de vulnerável em condomínio de Canoas

Polícia indicia homem por estupro de vulnerável em condomínio de Canoas

Delegado responsável disse haver suspeitas de mais vítimas do que as que constam no inquérito

Correio do Povo

Conclusão do inquérito foi detalhada em coletiva à imprensa nesta quarta-feira

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A Delegacia de Polícia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas, sob comando do delegado Pablo Rocha, anunciou na manhã desta quarta-feira a conclusão do inquérito sobre o caso do abuso contra crianças, todas meninas, em condomínio residencial de Canoas. O Instituto Geral de Perícias (IGP) participou da entrevista coletiva à imprensa. O procedimento sobre duas vítimas será encaminhado à Justiça. Já o inquérito policial da terceira criança abusada ainda está em andamento. “Há suspeita de mais vítimas”, admitiu o delegado Pablo Rocha.

Preso preventivamente desde o dia 7 de novembro, um morador do condomínio foi indiciado por estupro de vulnerável contra as duas vítimas, manutenção de arquivos pornográficos de crianças e adolescentes, facilitação de acesso de criança ao material pornográfico e cenas de sexo, além de fraude processual. Já a esposa dele, que não teve participação nos abusos sexuais, foi indiciada por fraude processual.

No dia 28 de outubro, um mandado de busca e apreensão foi cumprido na residência do acusado, sendo recolhidos um notebook, um disco rígido externo, um telefone celular e um cartão de memória, entre outros dispositivos, para análise dos peritos do IGP. O perito criminal Marcelo Nadler afirmou que o material apreendido tinha senhas e criptografias, mas pode mesmo assim ser acessado. “Mais de 200 arquivos foram encontrados”, apontou.

“O inquérito policial é vasto, profundo e aterrador. É um caso ímpar e singular. Pegamos um criminoso mais detalhista e cuidadoso. Conseguimos documentar desde a gênese até a ação de um pedófilo", resumiu o delegado Pablo Rocha.

A investigação começou no dia 10 de setembro deste ano, após denúncia de um casal de que o vizinho abusava da filha. Os agentes da DPCA apuraram então mais duas vítimas pequenas. “Os abusos tinham local específico para acontecer: um quarto hóspede no andar superior da casa dele”, observou o delegado Pablo Rocha. 

Conforme ele, o estuprador atraía as crianças para a moradia para brincarem com o filho dele, usado “com isca”, e acabava levando as vítimas para o quarto de hóspede, onde ocorriam os abusos sexuais.

Sete crianças e 12 adultos foram ouvidos ao longo do trabalho investigativo. O delegado Pablo Rocha destacou que laudos físicos e psíquicos foram encaminhados pelo IGP. “Temos provas de muita coisa que aconteceu. São provas técnicas. As crianças relatam atos de cunho sexual praticados contra elas”, assegurou.

O titular da DPCA frisou que o criminoso estudou e pesquisou como abusar das vítimas sem “produzir prova cabal contra si”. Os policiais civis apuraram toda a vida do acusado, que já foi investigado em 2016 pela Polícia Federal por manutenção de arquivos pornográficos infantojuvenis.

Desde 2012, o acusado passou a procurar na internet e na dep web, bem como fazer o armazenamento, de material de pedofilia. “Chega uma hora que o desejo dele não satisfaz mais com aquilo e precisa colocar em prática todas as ideias que tinha”, disse. “A gente conseguiu ver isso: o desenvolvimento deste pedófilo. Ele foi se sofisticando, aprendendo e estudando como esconder provas e não deixar vestígios nas vítimas”, assinalou.


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