Polícia investiga suposto desvio de R$ 10 milhões na FCDL em Porto Alegre

Polícia investiga suposto desvio de R$ 10 milhões na FCDL em Porto Alegre

Investigação iniciou a partir de denúncia realizada pelo vice-presidente da entidade

Correio do Povo

Documentos foram apreendidos durante operação na FCDL

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Uma investigação deflagrada pela Polícia Civil aponta que integrantes da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas (FCDL) estariam envolvidos em desvios de dinheiro uso de dinheiro da entidade para despesas pessoais e compra de apoio para eleições internas. A operação foi desencadeada na manhã desta sexta-feira pela 17ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre.

São cumpridos mandados de busca e apreensão em sete endereços, incluindo a sede da federação. A Justiça também autorizou bloqueio de bens dos investigados, mas rejeitou pedidos de prisão. 

CPUs foram apreendidas durante operação / Foto: Alvaro Grohmann / Especial / CP 

De acordo com o delegado Juliano Ferreira, em entrevista à Rádio Guaíba, o alvo principal da operação policial é o presidente da FCDL, Vitor Augusto Koch. Além de Koch, outro empresário e dois funcionários da FCDL seriam suspeitos de estelionato, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e organização criminosa.

"Ao longo de mais de uma década, foram desviados cerca de R$ 10 milhões. Eram desvios praticados pelo presidente que se materializavam em enriquecimento ilícito. Isso se dava através da emissão de notas fiscais que simulavam compras de bens e serviços tais como a compra de vinhos. Para se ter uma ideia, no ano de 2014, foram emitidos quase R$ 700 mil em vinhos, sendo que é humanamente impossível consumir tantos vinhos. Era uma prática para esquentar determinadas compras e desvios", disse Ferreira.

Conforme Ferreira, as investigações tiveram início por conta de denúncias realizadas pelo vice-presidente da entidade. No final do ano passado, um grupo de empresários ligado à FCDL já havia solicitado na Justiça o afastamento de Koch da direção da instituição, mas a solicitação foi negada pela 4ª Vara Cível de Porto Alegre. 

Colaboração 

O titular da 17ª Delegacia de Polícia disse ainda que o trabalho investigativo comprovou o esquema por meio do “levantamento do sigilo bancário e fiscal” e também por depoimentos. Conforme o delegado Juliano Ferreira, o proprietário da empresa de vinhos colaborou com os policiais civis. “Ele deu dois depoimentos extensos. Ele sabia de tudo e resolveu colaborar. Desde o início parte do contrato com a FCDL tinha de repassar por mês um percentual para o presidente”, revelou. “Os valores começaram com R$ 25 mil e terminaram em R$ 45 mil por mês. A FCDL pagava e depositava na conta da empresa e do empresário que emitia recibos fraudulentos para justificar o pagamento. Esse dinheiro era retirado e entregue em espécie ao presidente”, esclareceu.

O inquérito aberto pela 17ª DP apura a atuação de dois funcionários administrativos da entidade e do empresário no esquema. “Tenho certeza que com a busca e apreensão, junto com análise da documentação, outras irregularidades serão comprovadas”, previu. “Outras pessoas também podem ser alvo da investigação”, adiantou, acrescentando a possibilidade de mais empresas de fachada envolvidas. De acordo com o delegado Juliano Ferreira, a operação é “a finalização da parte não ostensiva” do trabalho investigativo. “Queremos buscar outros elementos probatórios para comprovar esses desvios, transferências bancária, saques de dinheiro…”, complementou.

A reportagem procurou o presidente da entidade e a assessoria de imprensa da FCDL, mas ainda não obteve resposta.

CDL emite nota 

Em função da operação, a Câmara de Dirigentes Logistas Porto Alegre (CDL Poa) emitiu uma nota, comunicando que não faz parte da federação e que se desfiliou em 2010.  "Na ocasião, entre os motivos apresentados estava o modelo de gestão da Federação que acarretava a retirada da liberdade de atuação das filiadas. Desde então, de forma autônoma, a CDL POA formou a sua Rede de Parceiras, constituída por 128 entidades, presentes em 207 municípios do RS. Para as associadas da CDL POA e entidades parceiras é disponibilizado, por meio da Boa Vista Serviços, o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), com abrangência nacional", diz o comunicado. 


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