Polícia quer descobrir caminho do dinheiro de empréstimos consignados após prisão de vereador

Polícia quer descobrir caminho do dinheiro de empréstimos consignados após prisão de vereador

Operação Argentários cumpriu mandados em 10 locais em Porto Alegre, entre órgãos municipais e residências de investigados

Correio do Povo

Polícia Civil esteve no gabinete do vereador André Carús na manhã desta terça

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A operação Argentários, que prendeu nesta terça-feira o vereador André Carús (MDB) como suspeito de participar de um esquema de empréstimo consignados envolvendo servidores, esteve em 10 locais em Porto Alegre para o cumprimento de ordens judiciais. Além do gabinete e da casa de Carús, a Polícia Civil ainda foi até o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), o Departamento Municipal de Habitação (Demhab), na instituição financeira e em outras cinco residências. Assim como o parlamentar, outras duas pessoas foram presas de forma temporária. O político é investigado pelos crimes de concussão e falsidade. 

O delegado Max Otto Ritter, que lidera as investigações, explicou que a partir da apreensão de documentos é que a Polícia Civil terá a oportunidade de ver como funcionava o esquema dos empréstimos. "Primeiramente nós realizamos essas prisões, incluindo a de um agente político, e estas pessoas estão na condição de investigados. É uma ação que não termina aqui porque teremos desdobramentos e agora vamos nos debruçar no material que foi apreendido para saber o "caminho do dinheiro" e quem são as pessoas que se valiam destes empréstimos", explicou. Anteriormente, a investigação relatou que alguns dos valores tomados por servidores superaria a cifra de R$ 300 mil. Durante as buscas, foram apreendidos R$ 60 mil, 3,8 mil dólares, 1.765 libras e 2.605 euros, além de duas armas encontradas na instituição financeira supostamente envolvida no esquema. Celulares, computadores e planilhas, com nomes e datas, também foram encontrados pelos policiais. 

Ritter, titular da 1ª Divisão de Combate à Corrupção (Decor), relatou que diversos elementos colaboraram para o início das investigações. Entre eles está o depoimento de uma ex-servidora do gabinete de André Carús. "Esta ex-servidora nos passou detalhes que permitiram o desencadeamento da operação, mas, anteriormente, já tínhamos elementos relacionados ao DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Urbana) e até elementos passados pelo executivo municipal, através do senhor prefeito (Nelson Marchezan), que fez chegar até a polícia algumas irregularidades sobre empréstimos que eram contraídos. A partir daí, começamos a investigar e encontramos fatos contudentes e a operação foi deflagrada", descreveu.  

Calmo e solícito 

Questionado sobre o comportamento de André Carús no momento da prisão, Ritter descreveu o vereador como calmo e solícito. "Ele disse que gostaria de colaborar, mas se disse vítima. Ele afirmou ainda que forneceria todos os elementos para a apuração dos fatos", completou. O delegado ainda comentou que as supostas ameaças sofridas por Carús serão investigadas. "Exatamente por isso não vamos declinar aqui tudo, porque temos a consciência de que outras pessoas estão nos ouvindo. Se houver a confirmação destas ameaças, iremos atrás das pessoas responsáveis", garantiu.

O responsável pela defesa de André Carús será o criminalista Jader Marques. O advogado disse que seu escritório busca o acesso ao material que embasou a prisão do vereador. Marques ressaltou que seu cliente tem total interesse em contribuir com os esclarecimentos dos fatos à autoridade policial. A defesa salientou que as acusações serão refutadas e que será demonstrada a desnecessidade da prisão. 

Leia a íntegra da nota do gabinete do vereador

"O vereador André Carús (MDB), através do seu advogado de defesa, reafirma à sociedade e à imprensa sua inocência acerca dos fatos investigados e divulgados nesta terça-feira (1). Carús garantiu que irá colaborar com as investigações e tem total interesse em esclarecer todos os fatos à polícia e à sociedade. Todas as acusações serão contestadas uma a uma".


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