Ranolfo chama ação na UPA de "atentado" e elogia integração da segurança na apuração do caso
Vice-governador e secretário da Segurança Pública destacou que investigação do ataque que deixou um servidor e outro ferido em Caxias foi "prioridade absoluta"
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O vice-governador e secretário estadual da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior, agradeceu a mobilização e integração das instituições após o ataque à UPA Zona Norte de Caxias do Sul, onde um servidor penitenciário foi morto e outro ficou ferido no resgate de um detento. “Reunimos todas as forças de segurança pública e colocamos como prioridade absoluta o desfecho deste caso”, enfatizou durante a entrevista coletiva realizada no final da manhã desta quarta-feira em Porto Alegre.
“Em 48 horas chegamos a este resultado. Não vamos admitir situações desta natureza e se acontecer terão tratamento imediato por parte das forças de segurança pública”, garantiu. Ranolfo Vieira Júnior lembrou que desde a tarde da última terça-feira os locais onde os criminosos estavam foram monitorados e antes, na segunda-feira, foram apreendidos o veículo e armamento usados na invasão da unidade de saúde.
“Foi um fato grave e me solidarizo mais uma vez com a família do agente penitenciário morto e a todos operadores da segurança pública”, acrescentou. “Foi um atentado contra o Estado e contra a sociedade gaúcha”, concluiu.
A Chefe de Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, também destacou a integração de todas as forças e “a belíssima investigação” que deu “uma resposta rápida” ao caso. Segundo ela, "quem ganha é a sociedade".
O titular da Secretaria da Administração Penitenciária, Mauro Hauschild, considerou que o desfecho foi principalmente “uma resposta aos servidores da Susepe, que hoje não estão felizes, mas com a dor diminuída”. Ele manifestou novamente solidariedade às famílias das vítimas.
Mauro Hauschild contou ainda que foram 18 horas de trabalho junto a cerca de 2 mil apenados dentro das unidades prisionais em busca de “informações para alimentar as investigações”. O secretário da Seapen constatou que um dos cinco presos utilizava inclusive tornozeleira eletrônica, o que ajudou no rastreamento.
Responsável pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), José Giovani Rodrigues de Souza, enalteceu a integração de todos e o trabalho feito dentro da área prisional após o crime. “Os servidores estão hoje com menos dor, mas também com senso de justiça aguçado”, pontuou.
Já o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Vanius Cesar Santarosa, ressaltou “a resposta muito rápida e forte”, pois foi “uma agressão à sociedade gaúcha e aos órgãos que trabalham na segurança pública”. Ele avaliou que o resgate de criminosos é “um afronta”, mas “a integração não vai permitir e sempre daremos uma resposta à altura da audácia”.
INVESTIGAÇÃO
O titular da 8ª Delegacia de Polícia Regional do Interior, delegado Cleber dos Santos Lima, qualificou de “covarde” como o servidor penitenciário foi executado dentro da unidade de saúde em Caxias do Sul. Ele recordou que na mesma segunda-feira foi encontrada a casa alugada pelos criminosos na cidade, sendo recolhido no local o veículo e armamento usados no ataque, bem como o par de algemas utilizado pelo detento, vulgo Mig, 29 anos, da facção Os Manos, que fugiu após matar o servidor penitenciário Clóvis Antônio Ronan, 54 anos.
“Conseguimos então identificar os indivíduos que entraram no estabelecimento de saúde e todos aqueles que deram suporte e apoio para cometerem o resgate”, recordou. O delegado Cleber dos Santos Lima constatou que o único foragido é de Caxias do Sul, ao contrário dos cinco presos na manhã desta quarta-feira. Trata-se do motorista do veículo usado no ataque que está sendo procurado. A mulher de Mig, presa em Três Cachoeiras, foi quem locou a casa em Caxias do Sul.
Um dos envolvidos no resgate foi capturado na rua Santa Cecília, no bairro Santa Cecília, em Porto Alegre, enquanto um outro foi detido em Portão. Já o mentor do resgate planejado há 15 dias, um apenado, recebeu a ordem judicial de prisão dentro da Penitenciária Estadual de Caxias do Sul.
Em um prédio da avenida Independência, também na Capital, um outro participante do ataque foi preso no apartamento onde foi encontrado o corpo de Mig, que tirou a própria vida no momento da chegada dos agentes da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) de Caxias do Sul, com apoio da BM.
A pistola calibre 40 da Susepe, usada para matar o servidor penitenciário, foi recuperada no imóvel. Mig havia se apossado da arma do outro agente, de 42 anos, ferido e caído depois de ter sido baleado no tiroteio na UPA Zona Norte. Com a pistola, Mig executou a vítima.
Na entrevista coletiva, a diretora do Departamento de Perícias do Interior, Marguet Mittmann, representando a direção geral do Instituto-Geral de Perícias (IGP), confirmou que “todos os elementos relacionados à perícia criminal do local indicam preliminarmente a hipótese de suicídio” do foragido dentro do apartamento.
“Não encontramos nenhum elemento em local que convergisse para essa hipótese, porém alguns outros elementos serão analisados em perícias complementares do DML, laboratório e de balística forense pra convergência desses dados fortemente indicativos de suicídio deste indivíduo”, assinalou. O IGP mobilizou equipes do Departamento de Criminalística e do Departamento Médico Legal.
Foto: IGP / Especial / CP