Sargento preso com cocaína em avião da FAB na Espanha vira réu

Sargento preso com cocaína em avião da FAB na Espanha vira réu

Militar brasileiro foi preso com 39 quilos de cocaína em uma mala que estava em avião de comitiva de Bolsonaro

R7 e AE

Sargento foi julgado e terá que cumprir pena de seis anos e um dia na Espanha

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A Justiça Militar aceitou, na quarta-feira, uma denúncia contra o sargento da Força Aérea Brasileira (FAB) Manoel Silva Rodrigues por tráfico internacional de drogas. Rodrigues foi preso no aeroporto de Sevilha, na Espanha, no dia 25 de junho do ano passado, transportando 39 kg de cocaína pura em sua bagagem. O valor calculado da droga em euros é de 1.419.262,227, correspondente a cerca de R$ 6.399.083,62, segundo cálculos periciais.

O sargento integrava a comitiva do presidente Jair Bolsonaro que viajava com destino ao Japão para a reunião da cúpula do G20. Rodrigues estava no primeiro avião que chegou a Europa, e que é uma espécie de avião presidencial reserva utilizado em viagens longas. O incidente fez o avião com Bolsonaro mudar seu itinerário e pousar em Lisboa.

Segundo a Justiça Militar de Brasília, apesar do tráfico internacional de drogas não estar previsto no Código Penal Militar (CPM), o caso se enquadra na hipótese de crime de natureza militar por extensão, já que se trata de um militar em situação de atividade que supostamente atentou contra a ordem administrativa militar.

A denúncia, na qual o Ministério Público Militar afirma que o sargento infringiu regras da chamada "Lei de Tóxicos", foi aceita pelo juiz deferal Frederico Magno de Melo Veras, da Justiça Militar. Veras determinou que a inquirição de testemunhas será no dia 21 de maio, às 14h. A pena para o tráfico é de 5 a 15 anos, podendo ser aumentada em até dois terços em razão de circunstâncias como o uso da função pública para a prática do crime.

Na denúncia, o promotor de Justiça Militar diz que "a bordo da aeronave, o denunciado posicionou sua bagagem junto à última poltrona, perto do armário, tendo permanecido durante todo o voo na guarda do respectivo material".

Ele também responde a ação penal na Espanha, onde a Promotoria pediu que a pena seja de 8 anos de prisão, além de multa de US$ 4 milhões.

Relembre o caso

Ao ser preso em Sevilha com a droga, o sargento declarou à Justiça espanhola que não sabia que sua bagagem continha cocaína. Silva Rodrigues fez ao menos 30 viagens nacionais e internacionais em aviões da Força Aérea nos últimos cinco anos. Em algumas delas, ele integrava a equipe que servia, diretamente ou em apoio, os ex-presidentes Michel Temer e Dilma Rousseff.

O sargento não estava no avião que atenderia ao presidente Jair Bolsonaro, mas no avião reserva, ou seja, a aeronave estava sob responsabilidade da Força Aérea e não da Presidência da República. Após este episódio, a Aeronáutica reformulou todos os procedimentos de vigilância nos embarques de bagagens e passageiros em suas aeronaves.
A droga não estaria apenas na bagagem despachada do sargento, mas também em sua maleta de mão e em um porta-terno. De acordo com as investigações realizadas pela Aeronáutica, o sargento teria agido sozinho. Sua mulher, no entanto, teria conhecimento dos atos ilícitos praticados por ele.

As ações de busca e apreensão realizadas na casa do casal revelaram que ele possuía uma coleção de relógios, um celular avaliado em R$ 7 mil e eletrodomésticos caros que pareciam recém-adquiridos.


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