Sargento que transportou cocaína em avião da FAB vai a julgamento
Manoel Rodrigues foi flagrado com 39 quilos da droga durante viagem internacional com comitiva de Bolsonaro
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Preso há dois anos na Espanha, o sargento Manoel Silva Rodrigues vai a julgamento no Superior Tribunal Militar (STM) nesta terça-feira. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Militar por transportar 39 quilos de cocaína em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), em junho de 2019, enquanto viajava como membro da tripulação da comitiva do presidente Jair Bolsonaro.
O julgamento de hoje deve acontecer por videoconferência. O militar foi preso no aeroporto de Sevilha enquanto viajava com a droga, depois de voar de Brasília para Lisboa. No tribunal, o sargento admitiu que ele carregava 37 pastilhas de cocaína na mala e que a droga foi entregue a ele no Brasil.
"Quem me entregou me disse que seu destino era a Suíça e que eu deveria levá-la para a Europa", disse Manoel, explicando em seguida que no dia de sua prisão, teve que ir a um shopping para levar a droga a um outro homem que ele não conhecia.
Durante o julgamento, o militar disse que estava "profundamente arrependido" e se justificou dizendo que "estava passando por dificuldades econômicas" porque "um militar no Brasil não tem um bom salário". "Peço desculpas ao Estado e ao povo espanhol por colocá-lo em seu país", disse Manoel Rodrigues.
Desde a prisão do sargento, a Polícia Federal (PF) deflagrou cinco fases da Operação Quinta Coluna para investigar se outros militares foram cooptados por um esquema de tráfico internacional de drogas. A última fase da operação, em dezembro do ano passado, cumpriu cinco mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e em Santa Catarina.
A investigação apura lavagem de dinheiro que envolve o líder do esquema de tráfico de drogas, identificado pela polícia como Marcos Daniel Penna Borja Rodrigues Gama. Ele atuaria carregando drogas do Brasil para a Europa em aviões oficiais, segundo as investigações.
A Justiça Federal também determinou o sequestro e o bloqueio de cinco imóveis, uma academia de ginástica, dois veículos de luxo, R$ 1,6 milhão da conta de Marcos Daniel e R$ 2 milhões referentes a um empréstimo realizado por ele.