Superlotação em delegacia deixa presos em viaturas em Porto Alegre

Superlotação em delegacia deixa presos em viaturas em Porto Alegre

Secretaria de Administração Penitenciária informou que detentos podem ficar até mais de seis horas nos veículos

Christian Bueller

Viaturas estavam com dois presos em cada uma

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A superlotação de presos nas delegacias pelo Rio Grande do Sul teve mais um capítulo neste sábado. Por volta do meio-dia, 24 detidos se acotovelavam na pequena sala de triagem da 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (2ª DPPA). Eles se somavam aos 17 já encarcerados nas duas celas do local. Na recepção do órgão, mais de 20 policiais militares, responsáveis pelos homens que acabaram de prender, não tinham onde colocar os detentos. 

Do lado de fora, duas viaturas, com dois presos em cada uma. Segundo os policiais, a situação é cotidiana. Informações colhidas pela reportagem dão conta de que os brigadianos, que deveriam estar nas ruas no policiamento ostensivo, precisam cumprir expediente custodiando os presos. A situação se repete na 3ª DPPA, na rua Comendador Tavares, segundo os próprios PMs revelam.

Os juízes Paulo Augusto Oliveira Irion e Sonali da Cruz Zluhan, da 1ª Vara de Execuções Criminais, decidiram, em maio, suspender a expedição de mandados de prisão até que a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) e a Superintendência de Administração Penitenciária (Susepe) informassem sobre a existência de vagas no sistema prisional.

Na ocasião, os juízes também proibiram a manutenção de pessoas detidas e em viaturas, celas de delegacias ou qualquer lugar insalubre. No entanto, depois de uma reunião de conciliação, na ultima quinta-feira, a SAP recebeu a autorização de manejar os presos nestes moldes até  4 de julho. A assessoria de imprensa da SAP informou que “os presos só ficam nas viaturas o tempo suficiente para o flagrante, embora esse prazo possa superar as seis horas”. 

A reportagem colheu a informação de que alguns presos chegaram a ficar até 13 horas custodiados em um veículo da Brigada Militar. A Ugeirm Sindicato denuncia o problema desde 2015. A entidade divulgou uma nota dizendo que, quatro anos após a primeira denúncia feita, “a situação já tinha virado rotina e a manutenção de presos em condições precárias, o que afeta o trabalho policial, tinha sido naturalizada pelo governo”.


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