A dois dias do início de desconfinamento, Itália pede que cidadãos "não baixem a guarda"

A dois dias do início de desconfinamento, Itália pede que cidadãos "não baixem a guarda"

Defesa Civil pede que população mantenha o distanciamento social, os níveis máximos de higiene e as máscaras

Correio do Povo e AFP

Fase do 2 do plano de combate ao coronavírus inicia na segunda-feira

publicidade

O chefe da Defesa Civil, Domenico Arcuri, pediu neste sábado aos italianos que não baixem a guarda enquanto o país se prepara para aliviar o confinamento devido à pandemia de Covid-19. "Nesta segunda-feira, começa a segunda fase. Temos que ter consciência de que será o início de um desafio ainda maior", advertiu. Após um bloqueio de quase dois meses, o dia tão esperado está por vir: a maior parte das atividades produtivas e industriais "dedicadas principalmente à exportação" será reiniciada, o setor automobilístico e os locais de fabricação, moda, têxtil e construção recomeçarão. Para as pessoas, será possível se deslocar dentro da região de residência, até sair de casa e visitar parentes.

A autocertificação não é mais essencial para viagens de trabalho e caminhadas, mas continua sendo "uma das maneiras permitidas de justificar a saída". Para ir trabalhar, quem o possuir precisará de um crachá.Cientistas acompanharão de perto a taxa de infecção pelo vírus, e o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, advertiu que se as cifras voltarem a aumentar significativamente, o confinamento poderá ser decretado novamente, por região.

"Devemos manter o distanciamento social, os níveis máximos de higiene e as máscaras. Fizemos o melhor que poderíamos. A partir de segunda-feira, dependerá de vocês", disse Domenico Arcuri em entrevista coletiva. "Imploro, não baixem a guarda".

Bares e restaurantes terão que esperar, mas, além da entrega de pizzas e refeições em casa, será possível "o serviço de take-away de carro", que as autoridades chama, de "drive through", ou seja, a possibilidade de as empresas de catering entregarem pratos cozidos no carro do cliente. "Manter a distância de pelo menos um metro e respeitar as proibições de consumir os produtos no local de venda e parar nas imediações", recomendou.

A partir da próxima semana, autoridades deverão realizar cerca de 150 mil testes sanguíneos para detectar a presença do novo coronavírus. Especialistas tentam obter uma imagem mais clara da sua propagação à medida que se levanta o confinamento. Cerca de 50 mil estabelecimentos comerciais venderão máscaras a um preço máximo de 50 centavos de euro, estabelecido pelo governo, a partir da próxima segunda-feira. 

O número de pontos de venda dobrará em meados do mês.  A Itália produzirá quatro milhões de máscaras por dia em meados de junho, 25 milhões em meados de julho e 35 milhões em meados se agosto, segundo Arcuri. 

A Itália anunciou 474 novas mortes neste sábado em seu relatório diário de óbitos, embora as autoridades tenham garantido que esse aumento se deve a mortes não contabilizadas em abril. Com esse novo número, o país tem um total de 28.710 mortes por Covid-19 e continua sendo o país mais afetado da Europa. Em abril, 282 pessoas morreram em centros não hospitalares na região da Lombardia, a mais afetada pela pandemia. Se esse número for descontado, a tendência ainda é inicialmente positiva na Itália: desde sexta-feira, foram registradas 192 novas mortes, o que não ocorria desde 14 de março.

Situação das escolas

Autoridades estudam uma mudança educacional profunda, segundo a imprensa italiana. As escolas permanecerão fechadas até setembro, mas creches e jardins de infância poderão reabrir em junho. A reabertura se dará em pequenos grupos, de três a seis crianças, de 0 a 6 anos, cujas temperaturas serão checadas na entrada, detalhou o jornal "Corriere della Sera", citando um plano do Ministério da Educação. As crianças não usarão máscaras, apenas os professores.

O fechamento das escolas até setembro prejudica, principalmente, as mulheres que trabalham fora, e gerou críticas na Itália. O premier insistiu, em várias ocasiões, no potencial de contágio das crianças e no risco de a epidemia ganhar força e infectar os professores.

A Itália tem o corpo docente mais velho entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Quase 60% dos professores têm mais de 50 anos. Mais de 8,5 milhões de jovens italianos estão sem ir à escola desde o início do confinamento, em 10 de março. Devido à falta de computadores nos lares, muitos não puderam acompanhar o programa escolar à distância.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895