AGU pede trancamento de ação sobre fraude na eleição

AGU pede trancamento de ação sobre fraude na eleição

Jair Bolsonaro afirma, sem apresentar provas, que houve irregularidades no pleito de 2018

AE

Bolsonaro afirma, sem provas, que houve fraude nas eleições

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Cobrado a se explicar sobre os ataques dirigidos pelo presidente Jair Bolsonaro ao sistema de votação do País, o governo federal não apresentou à Justiça provas de fraudes nas eleições de 2018. Além disso, a Advocacia-Geral da União (AGU), que defende os interesses do Palácio do Planalto, pediu o trancamento do processo sem a análise do mérito - a justificativa é de que se tratou de uma "manifestação pessoal do presidente expressada de maneira completamente informal".

A ação em questão foi aberta na Justiça Federal em São Paulo a pedido do Livres, movimento de renovação política encabeçado por dissidentes do PSL, antigo partido do presidente. "Como há muito tempo Jair Bolsonaro faz tais declarações e não apresenta prova alguma, apenas por meio do Poder Judiciário é que se pode responder a duas perguntas advindas da referida afirmação: houve fraude eleitoral em 2018? Onde estão as provas?", afirmou o movimento à Justiça.

As respostas não foram apresentadas na manifestação do governo. A AGU fez apenas uma "explanação de ordem técnica". No documento, o órgão alega que o Livres não tem legitimidade para propor a ação civil pública e que já existe outro processo, em curso na 4.ª Vara Federal do Ceará, para tratar do mesmo tema - pela lei, ações com o mesmo objeto não podem tramitar em separado, sob o risco de serem encerradas com decisões conflitantes.

Sobre a eleição presidencial de 2018, Bolsonaro disse, em mais de uma ocasião, ter provas de fraudes que lhe tiraram uma vitória em primeiro turno, mas não apresentou evidências.

O voto impresso é uma bandeira do presidente desde os tempos de deputado. Na prática, o sistema não substituiria a urna eletrônica, mas geraria uma espécie de comprovante físico dos votos para recontagens manuais, o que representaria um custo aos cofres públicos na ordem de R$ 2,5 bilhões ao longo de dez anos. A defesa da proposta costuma vir acompanhada de declarações que colocam sob suspeita o sistema eleitoral eletrônico.

No episódio mais recente, após a invasão do Capitólio por extremistas inconformados com a derrota de Donald Trump nos Estados Unidos, Bolsonaro afirmou que, se não houver voto impresso na eleição de 2022, o Brasil pode ter um "problema pior". "Qual foi o problema (nos EUA)? Falta de confiança no voto. Então lá, o pessoal votou e potencializaram o voto pelos correios por causa da tal da pandemia e houve gente que votou três, quatro vezes, mortos votaram", disse o presidente a apoiadores.

No mesmo dia, após a repercussão da fala, Bolsonaro voltou a comentar o assunto em sua primeira transmissão semanal ao vivo de 2021. "Qual o problema nisso? Estão com medo? Já acertaram a fraude para 2022? Eu não vou esperar 2022, não sei nem se vou vir candidato, para começar a reclamar. Temos que aprovar o voto impresso", disse ele na Live.

Na ocasião, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, declarou que autoridades precisam ser responsáveis pelo que dizem. Ao contrário do que defende o presidente, a votação eletrônica no Brasil permite auditoria, e todos os anos uma empresa independente é contratada por meio de licitação para realizar a perícia da votação.


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