Amazonas pediu hidroxicloroquina dias antes do colapso, diz Campêlo

Amazonas pediu hidroxicloroquina dias antes do colapso, diz Campêlo

Ex-secretário afirmou à CPI que envio do ministério foi para pacientes de Covid-19, mas estado podia usar remédio para outros fins

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O ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo afirmou nesta terça-feira (15), durante depoimento na CPI da Covid, que partiu do governo do estado o pedido de hidroxicloroquina para a secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro. A solicitação ocorreu no dia 4 de janeiro, dez dias antes do colapso do oxigênio em Manaus.

"Nós estávamos com nossos estoques zerados de hidroxicloroquina. Pedidos [foram] para a distribuição às prefeituras. A prioridade não foi essa, havia muitas outras nesse momento", respondeu à senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). Segundo ele, Mayra Pinheiro enviou o remédio para o tratamento precoce de Covid-19, o que não queria dizer que o Amazonas usaria só para esse fim. "É um medicamento que utilizamos também para outras doenças, como malária e lúpus."

Questionado por Eliziane por que ele priorizou o pedido de hidroxicloroquina e não o de oxigênio em 4 de janeiro, afirmou que não se sabia que faltariam cilindros no Amazonas naquele momento. "Só no dia 7 que a gente teve conhecimento da dificuldade logística da White Martins de trazer oxigênio", explicou Campêlo.

No dia 8 de janeiro, seis dias antes da data oficial do colapso da falta de oxigênio no estado, em 14 de janeiro, o Amazonas recebeu 120 mil comprimidos de hidroxicloroquina do Ministério da Saúde.

O ex-secretário declarou ainda que o governo estadual não defende o uso da hidroxicloroquina nem do tratamento precoce contra a Covid-19. E ainda minimizou o colapso ao comentar que a rede estadual só registrou dois dias sem oxigênio nos leitos do Amazonas.

Investigação

Campêlo disse que as três acusações contra ele feitas pela quarta fase da Operação Sangria, da PF (Polícia Federal), não têm fundamento. "Fui preso temporariamente pelas denúncias de fraude em licitações e formação de quadrilha em relação ao Hospital Nilton Lins, de Manaus, mas, a me ver, nenhuma delas procede."

O ex-secretário foi preso pela PF no dia 2 de junho, no aeroporto de Manaus, e assim que saiu da cadeia pediu para ser exonerado. "Eu pedi para deixar o cargo depois do cumprimento de mandado de prisão porque acredito que, por questões éticas, é preciso sair para permitir as investigações."

Segundo o Campêlo, as três linhas de investigação contra ele não fazem sentido. "De acordo com a acusação, houve contratação fraudulenta do Hospital Nilton lins, em Manaus, mas o que houve não foi um contrato, mas sim uma requisição administrativa, depois de esgotadas todas as outras possibilidade na cidade." Marcellus Campêlo disse ainda que nenhum pagamento foi feito ainda ao Nilton Lins. "Isso é definido posteriormente, por um preço justo", acrescentou.

Ele também se defendeu da suposta contratação de serviços no Hospital Nilton lins. "As três empresas citadas no processo não foram contratadas, elas ganharam o chamamento público, mas, como estavam envolvidas em outros processos públicos, resolvi não contratá-las."

A terceira acusação, diz ele, era a de que o hospital era inadequado para o tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. "Nós fizemos as readequações necessárias, e foram feitas várias recomendações."


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