André Carús é o novo presidente do MDB de Porto Alegre

André Carús é o novo presidente do MDB de Porto Alegre

Falta de consenso e influência de caciques prolongou convenção e anúncio da nova executiva

Flavia Bemfica

André Carús foi eleito presidente do MDB de Porto Alegre

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Após várias horas de negociações com participação dos caciques partidários, o vereador André Carús foi eleito neste sábado como o novo presidente do MDB de Porto Alegre. O 1º vice-presidente será o deputado estadual Tiago Simon. O gerente de Relacionamento da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Alexandre Borck, o Xandão, segue como secretário-geral da sigla, em quinto mandato. Não houve disputa de chapas. A nominata encabeçada por Carús foi eleita por aclamação do diretório, também escolhido neste sábado, durante a convenção municipal do partido ocorrida na sede estadual. Ao final do encontro, que terminou com mais de duas horas de atraso em relação ao inicialmente previsto, o novo dirigente disse que a principal premissa agora será a abertura da tese de candidatura própria do partido à prefeitura de Porto Alegre. Os dois emedebistas mais cotados para a disputa, o deputado estadual Sebastião Melo e o ex-secretário da Segurança, Cezar Schirmer, permaneceram no encontro até o final.

Questionado sobre como pretende equacionar uma candidatura própria ao Paço e a manutenção da sigla na base de apoio da administração do prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB), que disputará a reeleição, Carús declarou que até o momento não existe discussão dentro do MDB sobre uma eventual saída do governo tucano, e que o debate será levado adiante no momento adequado. Lideranças emedebistas, o novo presidente entre elas, vêm utilizando como argumento para sua continuidade na base do governo a necessidade de que sejam aprovados projetos importantes para a cidade, mas a justificativa é apontada, dentro do próprio partido, como ‘capenga.’ “O MDB não precisa estar no governo para aprovar ou rejeitar projetos na Câmara. O que segura o partido são os cargos na administração. Isso não é nenhum segredo”, rebate outra liderança partidária.

Internamente, a possibilidade com mais força hoje é de que, a partir das articulações para a disputa de 2020 e a decisão pela candidatura própria, o partido, se necessário, deixe seu posto mais visível na administração Marchezan (a pasta de Desenvolvimento Social e Esporte, atualmente sob o comando da vereadora Nádia Gerhard), e mantenha as indicações feitas para o segundo e terceiro escalões.

Falta de consenso atrasou anúncio dos nomes 

A programação inicial da convenção do MDB de Porto Alegre não previa contratempos. A votação para escolha do novo diretório foi marcada para acontecer entre 9h e 12h e, pouco depois, deveria ser feito o ato de encerramento, com a presença das lideranças partidárias e o anúncio do novo comando partidário, a executiva. O vereador André Carús tinha a bênção de Antenor Ferrari e Luiz Fernando Záchia, respectivamente presidente e 1º vice-presidente da gestão que se encerrou neste sábado. E, durante a semana, havia sido anunciado como o escolhido pela bancada da legenda na Câmara de Vereadores. Mas conversas que se intensificaram também na semana, e que desembocaram na apresentação de outros dois nomes para a presidência – o do secretário-geral Alexandre Borck e o do advogado Thiago Moysés, este último a partir de um movimento da juventude do partido, tensionaram os encaminhamentos feitos pelos caciques partidários. Ao invés do meio-dia, a nova executiva só foi anunciada às 13h30.

Às 11h, os três postulantes à presidência se reuniram para tentar chegar a um acordo na sala de reuniões, mas não houve avanço. Ao mesmo tempo, ganhava corpo a reunião que acontecia na sala da presidência, em frente a primeira, e pela qual passaram Eliseu Padilha, Pedro Simon, José Fogaça, Luiz Fernando Záchia, Idenir Cecchim, Sebastião Melo, Tiago Simon, Juvir Costella, Cezar Schirmer, Luis Roberto Ponte, Ibsen Pinheiro, Antônio Hohlfeldt, Nádia Gerhard e Valter Nagelstein.

Perto do meio-dia, o entra e sai nas duas salas se tornou constante. Cerca de meia hora depois, Moysés deixou a sala de reuniões. Foi seguido por Borck e ambos continuaram as tratativas longe dos caciques, nas escadarias entre o 8º e o 9º andares do prédio. A Moysés foi oferecido um dos postos da executiva, mas não houve acordo. Carús, no discurso público de encerramento, frisou que não ocorreram imposições, que a chapa foi a da unidade e busca do diálogo, e fez uma deferência a Borck. Nos bastidores, seus partidários acusaram Moysés de ter sido irredutível e não aceitar outro posto que não a presidência. O advogado nega. “Eu aceitava negociar, não queríamos disputa. Eu, o André, o Xandão, fazer uma unificação. Porque o partido precisa se renovar. Mas aí entrou um monte de cacique para decidir junto e com alguns nomes ali nós não queríamos compor. Além disso, eles fecharam as urnas de votação antes do prazo”, resume.  


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