Após decisão na madrugada, divulgação do vídeo da reunião ministerial deve ocorrer ainda hoje

Após decisão na madrugada, divulgação do vídeo da reunião ministerial deve ocorrer ainda hoje

Decisão de levantar sigilo da reunião do dia 22 de abril é do decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello

AE

Decisão de tornar público o vídeo da reunião do dia 22 de abril é do decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello

publicidade

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, trabalhou madrugada adentro na decisão sobre o sigilo do vídeo da reunião ministerial ocorrida em 22 de abril com a presença do presidente Jair Bolsonaro, do ex-juiz Sérgio Moro e ministros do governo. A expectativa, segundo o jornal Estado de São Paulo, é que a decisão seja nesta sexta.

Segundo o Estadão/Broadcast apurou, Celso deixou a decisão pronta por volta de 3h da manhã. Perfeccionista e detalhista, o ministro costuma rever os textos e fazer ajustes até o último minuto. A decisão pode trazer a transcrição de trechos inéditos da reunião. Uma das questões levantadas é se o vídeo da reunião vai ser divulgado junto da decisão, ou em um momento posterior. Caberá ao gabinete do ministro decidir isso.

Auxiliares da Corte ouvidos reservadamente pela reportagem ainda não sabem como seria a divulgação do vídeo. Eles apontam que o tribunal, em tese, poderia publicar o material na sua própria página, no YouTube ou até mesmo no andamento processual, mas há questões logísticas que ainda precisariam ser acertadas.

Fontes relataram ao Estadão que Celso de Mello ficou incrédulo com o vídeo da reunião e, segundo interlocutores, a tendência do ministro era atender ao pedido do ex-ministro Sérgio Moro e levantar o sigilo da íntegra do vídeo. Uma parte, no entanto, que diz respeito a China pode ser removida.

Celso já destacou em uma decisão do início deste mês "não haver, nos modelos políticos que consagram a democracia, espaço possível reservado ao mistério".

Segundo o Estadão apurou, a reunião foi marcada por palavrões, briga de ministros, anúncio de distribuição de cargos para o Centrão e ameaça do presidente Jair Bolsonaro de demissão "generalizada" a quem não adotasse a defesa das pautas do governo.

O vídeo da reunião ministerial também registra o ministro da Educação Abraham Weintraub dizendo “que todos tinham que ir para a cadeia, começando pelos ministros do STF” e a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves defendendo a prisão de governadores e prefeitos.

Até agora, apenas dois trechos da reunião foram tornados públicos, conforme transcrição feita pela Advocacia-Geral da União (AGU), que defende Bolsonaro no caso. “Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o Ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, afirmou o presidente na ocasião.

Em outro trecho divulgado, Bolsonaro disse aos auxiliares que não pode ser “surpreendido com notícias”. “Pô, eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho as inteligências das Forças Armadas que não têm informações; a ABIN tem os seus problemas, tem algumas informações, só não tem mais porque tá faltando realmente… temos problemas… aparelhamento, etc. A gente não pode viver sem informação”, disse Bolsonaro.

“Quem é que nunca “ficou atrás da… da… da… porta ouvindo o que o seu filho ou a sua filha tá comentando? Tem que ver pra depois… depois que ela engravida não adianta falar com ela mais. Tem que ver antes. Depois que o moleque encheu os cornos de droga, não adianta mais falar com ele: já era. E informação é assim. [referências a Nações amigas] Então essa é a preocupação que temos que ter: “a questão estratégia”. E não estamos tendo. E me desculpe o serviço de informação nosso — todos -— é uma vergonha, uma vergonha, que eu não sou informado, e não dá para trabalhar assim, fica difícil. Por isso, vou interferir. Ponto final. Não é ameaça, não e’ extrapolação da minha parte. É uma verdade”, afirmou Bolsonaro.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895