Araújo quer ''cortina de fumaça'' para esconder motivo real de demissão, diz Kátia

Araújo quer ''cortina de fumaça'' para esconder motivo real de demissão, diz Kátia

Ministro das Relações Exteriores pediu demissão nesta segunda-feira

AE

Após pressão do Senado e de grupo de empresários, Araújo deixa o cargo

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A presidente da Comissão das Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu (PP-TO), reforçou nesta segunda-feira, críticas ao ministro das Relações Exteriores e chanceler, Ernesto Araújo, a quem acusou de querer esconder os motivos de uma eventual demissão. Segundo a senadora, Araújo "quer uma cortina de fumaça para esconder o motivo real de sua demissão, que se ocorrer será por incompetência" e não descarta um processo de impeachment contra o ministro.

De acordo com o Estadão, Araújo se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira para entregar seu cargo. A informação foi repassada ao jornal por pessoas que acompanham a discussão sobre a saída do chanceler. "Só posso imaginar o desespero deste senhor, deste cidadão que ainda hoje se chama chanceler", afirmou em entrevista à GloboNews. No domingo, Araújo compartilhou pelo Twitter relato de conversa que diz ter tido no início do mês com a senadora sobre o edital do leilão 5G. De acordo com o ministro, Kátia havia lhe dito que se fizesse "um gesto" sobre a tecnologia, "seria o rei do Senado".

À emissora, a senadora, no entanto, ressaltou que tem preocupação pela retaliação que a China poderia ter sobre as exportações brasileiras caso a empresa Huawei fosse vetada de participar. Conforme disse, o chanceler "tentava influenciar o presidente Bolsonaro a publicar um decreto excluindo a China" do leilão para instalação do 5G no País.

Apesar das declarações, a senadora destacou que a discussão do 5G é um "assunto menor diante da gravidade da falta de vacina". De acordo com a avaliação da parlamentar, Araújo "envergonha" a diplomacia brasileira e fechou portas para a aquisição de vacinas pelo País. Segundo ela, é possível testemunhar, em reuniões com outros países, as críticas à ineficiência e inadequação do chanceler.

A senadora relatou ter ouvido críticas de outros países com "relação à diplomacia brasileira, à ineficiência, à inadequação" de Araújo ao cargo. "Esse homem vive à margem do leito da democracia, ele é um marginal, ele não serve para representar o Brasil, ele nos envergonha, ele fechou portas, ele dificultou a vida do Brasil", disse.

De acordo com Kátia Abreu, caso não seja possível harmonizar os interesses do Senado e do Executivo, "o Senado vai buscar fazer o seu trabalho independente". "O ideal era todo mundo junto, mas respeito se o governo federal não quiser atender as prerrogativas do Senado de 5G com custo baixo e qualidade", independentemente da empresa, ressaltou.

Sobre a troca no comando do Itamaraty, a senadora disse que não dá para trocar "Ernesto por Ernesto" e que o cargo deve ser ocupado por um diplomata com "estofo". Segundo ela, o Senado não vai exigir que o presidente Bolsonaro faça a troca.

"Nós não queremos nem vamos exigir, mas nós esperamos que não haja uma troca de Ernesto por Ernesto. Nós queremos que o Ernesto seja substituído por um chanceler que tenha estofo, que tenha respeitabilidade, que tenha credibilidade e experiência nas questões internacionais, principalmente em relação ao comércio e à diplomacia em si. Ernesto por Ernesto não dá", afirmou Kátia Abreu.


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