Bolsonaro afirma que não há "caixa-preta" do BNDES

Bolsonaro afirma que não há "caixa-preta" do BNDES

Chefe do Executivo criticou países, como Cuba e Venezuela, que receberam aporte do banco

R7

Presidente criticou uso de recursos, mesmo em empréstimos pagos

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Após cobrar transparência em atos passados e defender investigação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o presidente Jair Bolsonaro reconheceu, nesta quinta-feira, que não há "caixa-preta". O mandatário também tinha dito que iria expor casos de corrupção do banco na live, mas não o fez diretamente.  Ele voltou a criticar países como Cuba e Venezuela.

"O Ministério Público ia bater no Congresso, eu estava lá dentro, projetos de lei que estavam emendados (ao BNDES) e aí permitiram essas operações. Então, foi tudo legal. Não houve caixa-preta. Caixa-preta foi aquele período que não podia divulgar nada", afirmou. Durante a campanha presidencial de 2018, o então candidato havia defendido a abertura da "caixa-preta", principalmente, do BNDES, responsável por financiar algumas obras de construtoras brasileiras em outros países.

De acordo com Gustavo Montezano, presidente do BNDES, cerca de R$ 420 bilhões foram desviados – Bolsonaro falava em aproximadamente R$ 500 trilhões. "O TCU (Tribunal de Contas da União) declarou, em 2021, que foi aportado de forma irregular aproximadamente R$ 420 bilhões", informou.

Montezano relatou que há o "calote" de R$ 3 bilhões por parte de Cuba. Bolsonaro questionou o que o país deixou como garantia em troca do aporte. O presidente do BNDES, por sua vez, respondeu que “recebíveis de venda de charuto doméstico”. “Se Cuba não pagasse, o governo brasileiro iria lá penhorar as vendas de charuto em Havana”, acrescentou.

Bolsonaro destacou que, durante governos do PT, empreiteiras doaram cerca de R$ 300 milhões para o fundo partidário. O mecanismo era permitido, na época, e foi extinto em 2014. "Houve caso em que apareceu na minha conta R$ 200 mil, doado pelo meu partido. Eu liguei para o gabinete e perguntei a origem: originária da JBS. Eu devolvi o recurso", contou. "Nesse caso, a JBS pegou do BNDES R$ 9 bilhões e R$ 400 milhões foram para fundos partidários", complementou.

Montezano relatou que, em 2008, órgãos de controle requisitaram uma série de informações sobre os aportes oferecidos pelo BNDES, que recusou a responder. "Daí o termo caixa-preta. E, em 2016, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que tinha que liberar as informações solicitadas gradativamente. Hoje já está tudo disponibilizado", afirmou.

O presidente do BNDES falou, também, que alguns empréstimos tiveram “mal-uso de recurso público, mas que foram pagos”. Segundo Montezano, o "mal-uso" está nas delações premiadas e afirmações em público e que o dinheiro emprestado foi retornado ao banco.


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