Bolsonaro critica ida de Weintraub a ato e diz que está "tentando solucionar" problema

Bolsonaro critica ida de Weintraub a ato e diz que está "tentando solucionar" problema

Situação de ministro da Educação já era considerada insustentável, mas piorou após Weintraub se reunir no domingo com cerca de 15 manifestantes

AE

Weintraub foi criticado por comparecer à manifestações antidemocráticas no domingo

publicidade

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, 15, que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, não foi prudente ao participar de ato contra o Supremo Tribunal Federal no domingo e que está "tentando solucionar" a situação do auxiliar, que chamou de "problema". Como mostrou o Estadão mais cedo, o presidente busca uma saída para que Weintraub deixe o governo de forma menos traumática possível. 

"Eu acho que ele não foi muito prudente em participar da manifestação, apesar de não ter falado nada de mais ali. Mas não foi um bom recado. Por quê? Porque ele não estava representando o governo. Ele estava representando a si próprio. Como tudo o que acontece cai no meu colo, é um problema que estamos tentando solucionar com o senhor Abraham Weintraub", afirmou Bolsonaro em entrevista à BandNews TV. A declaração ocorreu pouco após o presidente se reunir com o ministro no Palácio do Planalto.

A situação de Weintraub já era considerada insustentável em parte do governo pelas polêmicas que ele tem acumulado, mas piorou após o ministro se reunir no domingo, 14, com cerca de 15 manifestantes bolsonaristas. O ato desrespeitou uma ordem do governo do Distrito Federal que proibiu protestos na Esplanada dos Ministérios. Nesta segunda, Weintraub foi multado em R$ 2 mil por não usar máscara na ocasião .

No encontro com os manifestantes, o ministro insistiu nas críticas a ministros do Supremo: "Eu já falei a minha opinião, o que faria com esses vagabundos”. A declaração remete ao que ele já havia falado na reunião ministerial do dia 22 de abril, quando disse que colocaria na cadeia os ministros da Corte, a quem classificou como “vagabundos”. Ele responde a um processo por causa dessa afirmação.

Apesar da crítica a ida do auxiliar ao ato no domingo, o próprio presidente compareceu a ao menos sete manifestações antidemocráticas, que pediam o fechamento do Congresso e do STF, realizadas entre abril e maio. Nos últimos dois fins de semana, no entanto, Bolsonaro evitou participar, numa tentativa de esfriar os ânimos com os demais poderes.

Para os grupos político e militar do governo, a demissão de Weintraub é essencial para o Planalto construir uma trégua com o Supremo e com o Congresso. Eles argumentam que o ministro é um gerador de crises desnecessárias em um momento em que o presidente, pressionado por pedidos de impeachment e inquéritos que podem levar à cassação do mandato, tenta diminuir a tensão na Praça dos Três Poderes.

Por outro lado, a ala ideológica e os filhos do presidente defendem Weintraub, que tem o apoio dos bolsonaristas nas redes sociais. Demiti-lo neste momento, argumentam, é desagradar a base que tem defendido o presidente no fogo cruzado com Legislativo e Judiciário.

Após a reunião de mais de uma hora com Bolsonaro no Palácio do Planalto, Weintraub disse a interlocutores que ele permanece no cargo. O ministro retornou ao prédio onde fica a pasta da Educação e não conversou com a imprensa. A deputada governista Carla Zambelli (PSL-SP) também escreveu no Twitter que o ministro permanece na função.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895