Bolsonaro e Guedes são contrários a dividir gestão do FGTS, diz presidente da Caixa

Bolsonaro e Guedes são contrários a dividir gestão do FGTS, diz presidente da Caixa

Banco recebe taxa de 1% para administrar os quase R$ 550 bilhões do Fundo

AE

Presidente da Caixa defendeu gestão do FGTS pelo banco

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O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, afirmou nesta terça-feira que o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, são contrários a dividir a gestão do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Atualmente, a gestão é monopólio da Caixa, que recebe taxa de 1% para administrar os quase R$ 550 bilhões do Fundo.

Segundo ele, o banco também estuda a possibilidade de redução desta taxa. "O presidente Bolsonaro e o ministro Guedes dizem que o Brasil é um só, em especial dos mais pobres", afirmou Guimarães, durante entrevista coletiva. "O chefe do governo é Jair Bolsonaro, e ele está 100% alinhado com a Caixa, que pode chegar a todos os lares."

Os comentários de Guimarães surgem na esteira de articulações, dentro do Congresso Nacional, para que a gestão do FGTS seja aberta a outras instituições financeiras. Para Guimarães, isso pode prejudicar as cidades menores, porque haveria interesse de outros bancos apenas em operar em cidades maiores, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. "Existem 50 municípios do Brasil em que haverá competição (para gerir o FGTS). Tenho muito dúvida se haverá qualquer competição em outros 4 mil municípios", disse Guimarães.

Segundo ele, ao receber a taxa de 1%, a Caixa cobre hoje os cursos em locais onde as despesas na gestão do FGTS são menores, como as capitais, e também em municípios menores, onde os custos são mais elevados. "Quando vamos para cidades menores, o custo é maior. É uma questão regressiva. (Se a gestão do FGTS for dividida), você vai cobrar mais de quem tem menos."

Guimarães afirma que o risco de separar a gestão do FGTS é o de ter um custo diferente para cada cidade. Se isso ocorrer, conforme o presidente, a Caixa precisará se adequar. "Temos que ter resultados em números. Não posso realizar operação para ter prejuízo", afirmou. "Se tivermos que competir operação por operação no FGTS, nós faremos", acrescentou.

Na segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro já havia feito uma defesa do monopólio da Caixa na gestão do FGTS. "Se o Congresso decidir quebrar o monopólio da Caixa, eu a vetarei segundo orientação da própria (ministério) Economia", escreveu o presidente numa rede social.

Numa reação à possibilidade de perder o monopólio da gestão do FGTS, a Caixa também estuda a possibilidade de reduzir a taxa de administração. Na segunda-feira, o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) havia informado que uma das propostas em análise é cortar a taxa de 1% para 0,8%. "Vamos ver uma maneira de reduzir despesas. Entendemos que isso é possível com o uso da tecnologia", confirmou nesta terça Guimarães. "Certamente, faz sentido reduzir a taxa de gestão do FGTS se tiver avanço de gestão", disse.

De acordo com Guimarães, a redução da taxa de gestão do FGTS será discutida apenas com o ministro Paulo Guedes. Ele evitou comentar, no entanto, qual seria o novo porcentual. A preocupação de Guimarães com as articulações no Congresso é justificada também pelo impacto que eventual mudança pode trazer para os cofres da Caixa. A projeção de resultado líquido do FGTS para a Caixa em 2019 é de R$ 684 milhões. Em 2018, o resultado líquido do FGTS para a instituição foi de cerca de R$ 450 milhões. 


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