Cármen Lúcia pede posição da PGR sobre eventual interferência de Bolsonaro no caso Milton Ribeiro

Cármen Lúcia pede posição da PGR sobre eventual interferência de Bolsonaro no caso Milton Ribeiro

MPF apontou indícios da suposta atuação do presidente em alertar o ex-ministro sobre operação realizada pela Polícia Federal

R7

Milton Ribeiro disse que pedido está sendo analisado pelo novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga

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A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu nesta quarta-feira (6) a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro (PL) na investigação envolvendo o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.

A medida ocorre após o caso, que estava tramitando na Justiça Federal, voltar ao STF. No final do mês passado, o Ministério Público Federal (MPF) apontou possível interferência do presidente nas investigações sobre o caso e pediu que fosse enviada parte dos autos à mais alta Corte do país. O inquérito é relatado pela magistrada, que acionou a PGR para se manifestar, como de praxe.

Em conversa por telefone, Ribeiro afirmou à filha que recebeu uma ligação de Bolsonaro na qual ele disse temer que o aliado fosse alvo de uma operação da Polícia Federal. A conversa ocorreu apenas 13 dias antes de o ex-ministro ser atingido pela Operação Acesso Pago, que apura corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado ao MEC (Ministério da Educação). 

"A única coisa meio... Hoje o presidente me ligou... Ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? [...] Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão... Em casa, sabe... É muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios", disse o ex-ministro em conversa com a filha, conforme transcrição feita pela Polícia Federal. A filha então responde: "Eu não sei se ele tem alguma informação... Eu tô te ligando do meu... Eu tô te ligando do celular normal, viu, pai?". Em seguida, Ribeiro diz: "Então depois a gente se fala".

Inquérito

No final de março, a ministra atendeu a pedido da PGR e abriu inquérito para investigar o então ministro da Educação, além de pastores acusados de tráfico de influência para direcionar recursos do FNDE. 

A magistrada foi escolhida relatora do caso por prevenção, pois já estava responsável por petições apresentadas por parlamentares sobre Ribeiro. Ao enviar o caso ao Supremo, o procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitou que os acusados sejam ouvidos pela Polícia Federal.

De acordo com a acusação, os pastores Gilmar e Arilton atuavam junto ao ministro para direcionar a verba para municípios específicos. A suspeita é que os religiosos cobravam propina de prefeitos para atender aos pedidos. Ribeiro nega as acusações e diz que as decisões na pasta foram tomadas levando em consideração critérios técnicos.

Em um áudio vazado, o ministro afirma que atende com prioridade os municípios indicados pelos pastores. Ele afirma que o privilégio atende a um pedido do presidente Jair Bolsonaro. Em nota, o então ministro negou as acusações e disse que os recursos eram alocados de acordo com critérios técnicos.


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