Centrão discute reforma da Previdência enxuta, afirma Paulinho da Força

Centrão discute reforma da Previdência enxuta, afirma Paulinho da Força

Deputado Federal disse que projeto não pode garantir a reeleição de Bolsonaro

Correio do Povo

Paulinho da Força pregou a passagem de uma reforma da Previdência desidratada

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O líder da Força Sindical, deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), afirmou nessa quarta-feira que os partidos que se reúnem no grupo conhecido como Centrão, como o seu partido, discutem o apoio a uma Reforma da Previdência, que não influencie a futura eleição presidencial. “O que estamos discutindo dentro do Centrão é que precisamos fazer uma reforma que não garanta a reeleição de Bolsonaro”, disse o deputado federal pelo Solidariedade. “R$ 800 bilhões garantem, de cara, a reeleição de qualquer um. Se dermos R$ 800 (bilhões de reais) como disse ele, significa que nos últimos três anos de governo (na Presidência), há R$ 240 bilhões ao ano para gastar. Eu acho que temos de ter (economia) em torno de R$ 500 bilhões. R$ 600 bilhões seria o limite para essa reforma”, defendeu, durante evento realizado ontem pelas centrais sindicais, em São Paulo, em comemoração ao Dia do Trabalho. 

Segundo Paulinho, com uma reforma menor se garante a chance de outros partidos disputarem a Presidência em 2022. “Com esse discurso, tenho certeza que a gente traz todo mundo do Centrão”, afirmou o deputado. Paulinho também falou que a esquerda e os principais opositores ao governo não têm força para parar a reforma e que, portanto, o objetivo é ganhar tempo. “Se não temos força para parar a reforma, eu acho que as ruas nos darão força de negociação para fazer uma reforma justa, na qual o trabalhador sairá ganhando. É possível passar uma reforma, mas que mantenha os direitos e combata os privilégios”, emendou. 

Paulinho destacou que o movimento sindical passa por momento difícil, com redução nas suas receitas. “Essa é uma tentativa para gente se preparar para uma coisa maior”, disse, em referência à greve geral marcada para o dia 14 de junho. “Isso nos dá força de negociação. Nós que estamos no Congresso temos de usar as ruas para negociar com o governo e com o próprio Congresso”, defendeu. 

Marinho critica cortes na proposta 

O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, comentou ontem em sua conta no Twitter a notícia de que o Centrão discute apoiar uma proposta para a Reforma da Previdência com uma economia menor do que o apresentado pelo governo. “Esse é o momento de todos pensarem no Brasil e nas próximas gerações e menos nas próximas eleições”, disse o secretário na rede social. 

 

Marinho já havia dito, em evento realizado na terça-feira, que está ansioso para ouvir alternativas à Reforma da Previdência. Ele propôs que os debates sobre o tema sejam feitos de forma técnica. “Espero que a política, por mais importante que seja, e as paixões sejam sobrepostas pelo debate técnico. Os opositores já foram governo e sabem da necessidade de reestruturação (da Previdência). Chegou a hora de a oposição mostrar qual é o seu projeto”, disse o secretário após participar do seminário. “Estamos sôfregos e ansiosos para escutar qual é a alternativa a ser apresentada por aqueles que se colocam contra”, acrescentou. 

O secretário reiterou sua posição a favor da integralidade do projeto, que prevê uma economia de R$ 1,236 trilhão ao longo de 10 anos. Marinho elogiou a forma como a questão tem sido tratada por parte do Parlamento. “Tenho sentido um clima muito propositivo no Congresso, ao contrário do que ocorria em outras épocas”.

Segundo ele, o projeto apresentado combate fraudes e cobra de quem deve à Previdência, além de estar focado em uma lei de responsabilidade voltada aos municípios. “Temos a responsabilidade de enfrentar esse problema e de não varrê-lo para debaixo do tapete”, destacou.

Maia quer economia de R$ 1 trilhão 

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (Dem), minimizou ontem as declarações do líder da Força Sindical, o deputado federal Paulinho da Força (SD-SP), que afirmou que o Centrão quer evitar aprovar uma Reforma da Previdência com uma grande economia. Maia afirmou não acreditar que essa é uma posição de todo o Centrão e disse que vai trabalhar para aprovar uma reforma que garanta a economia de R$ 1 trilhão.

“Vou trabalhar para uma economia de R$ 1 trilhão. Uma economia que garanta o pagamento das futuras aposentadorias e pensões, uma economia que garanta no prazo de três anos uma geração de oito milhões de empregos”, disse, completando: “Não estou preocupado com a eleição de 2022”. Maia declarou ainda não acreditar que o deputado represente a visão de todos os partidos do Centrão. “Acho que cada partido vai ter uma posição e a maioria ainda não tem”, disse.

A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) também se posicionou contra a desidratação da reforma. “Vamos pensar no Brasil e deixar as eleições para depois. A Reforma da Previdência será a maior reforma social dos últimos tempos. Ela é necessária, todos sabem, apesar de não reconhecerem”, disse Janaina, no Twitter.

 

A deputada ainda ironizou os críticos do governo Bolsonaro, sugerindo que eles temem a reeleição do presidente. “Ora, mas se há medo de ele concorrer à reeleição, forçoso concluir que o Governo vai bem... Se ele fosse tão ruim assim, com reforma, ou sem reforma, não haveria o que temer. Estou errada?”, questionou


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