Conselho de Ética abre processo contra vereador do PT que invadiu igreja durante protesto

Conselho de Ética abre processo contra vereador do PT que invadiu igreja durante protesto

Renato Freitas estava em ato em Curitiba contra assassinato de congolês Moïse Kabagambe

R7

O vereador Renato Freitas em ato em Curitiba

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O Conselho de Ética da Câmara Municipal de Curitiba instaurou, na noite de quinta-feira, um processo ético-disciplinar contra o vereador Renato Freitas (PT), que interrompeu uma missa no começo do mês durante um protesto contra o racismo. A decisão se dá após Freitas ser alvo de ao menos seis representações por quebra de decoro parlamentar. Também na quinta-feira, o vereador se afastou do mandato por questões de saúde. 

O ato que motivou as representações ao Conselho de Ética dizia respeito ao assassinato do congolês Moïse Kabagambe, que aconteceu no Rio de Janeiro. Vídeos que mostram a presença dos manifestantes circularam na internet e provocaram críticas, endossadas pela Arquidiocese de Curitiba, que falou em "agressividade".

Os manifestantes se concentraram inicialmente em frente à igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no centro de Curitiba. Durante o ato, eles foram abordados por um religioso, que teria argumentado que ocorria uma celebração naquele momento, por volta das 17h. O grupo, então, decidiu entrar na igreja, levando fotos e cartazes. 

O vereador Renato Freitas se defendeu nas redes sociais afirmando que o ato foi pacífico e que os participantes só entraram na igreja na parte final do protesto. Segundo ele, a motivação para a entrada dos manifestantes na igreja surgiu após a tentativa de um padre de "calar" o ato. "Entendemos que esse espaço é símbolo de resistência e de persistência da população negra, que também tem o direito de professar sua fé cristã. Nossa luta sempre foi e continuará sendo pela liberdade e pela valorização da vida", diz.

Os manifestantes proferiram gritos durante a negociação com o religioso, chamando-o de racista em diferentes oportunidades. A Arquidiocese de Curitiba não poupou críticas ao ato. Em nota, a entidade afirmou que os participantes foram "solicitados a não tumultuar o momento litúrgico", mas que suas lideranças "instaram a comportamentos invasivos, desrespeitosos e grotescos". O comunicado diz que "é verdade que a questão racial no Brasil ainda requer muita reflexão e análises honestas, que promovam políticas públicas com vistas a contemplar a igualdade dos direitos de todos. Mas não é menos verdadeiro que a justiça e a paz nunca serão alcançadas com destemperos ou impulsividades desequilibradas".

A arquidiocese lembrou que a igreja foi erguida no século 18 por escravos. "Hoje, muitos afrodescendentes a visitam. E o fazem em grupos ou individualmente. Sempre primaram pelo profundo respeito, até mesmo quando não católicos. [...] Infelizmente, o que houve no último sábado foram agressividades e ofensas." A arquidiocese encerrou a nota afirmando que não quer “politizar” as reações ao fato.


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