Consultor contradiz Precisa sobre notas fiscais da vacina da Covaxin

Consultor contradiz Precisa sobre notas fiscais da vacina da Covaxin

À CPI da Covid, William Santana, disse que viu documento com erros no dia 18 e não no dia 22 de março, como empresa defende

R7

William Amorim Santana depõe nesta sexta na CPI da Covid

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O consultor do Ministério da Saúde William Amorim Santana rebateu nesta sexta-feira, em depoimento à CPI da Covid, a empresa Precisa Medicamentos sobre as invoices (notas fiscais internacionais) para a compra pelo governo Bolsonaro da vacina indiana Covaxin contra Covid-19.

"Eu abri o dropbox, eu não baixei nenhum documento, apenas visualizei. Eu não quis baixar no meu computador porque esperei a anuência do fiscal para mexer nos documentos. Havia uma quantidade muito grande de documentos lá de caráter técnico, o qual não entendo, mas eu visualizei a invoice", disse Santana. 

Designado para acompanhar a compra da vacina superfaturada, Santana afirmou que teve acesso à primeira invoice no dia 18 e não no dia 22 de março deste ano, como a empresa defende para rebater a versão do deputado federal Luis Miranda e o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda sobre a negociação.

Esta primeira nota teria gerado suspeita da dupla, ainda no dia 18, ao prever pagamento adiantado do ministério no valor de 45 milhões de dólares por 300 mil doses do imunizante que ainda não havia sido aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Além disso, a empresa Madison Biotech, que constava nesta nota fiscal como vendedora das doses, não era correspondente com as empresas que o governo federal estava negociando: Bharat Biotech e Precisa Medicamentos. Eles então teriam avisado pessoalmente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) do problema, no dia 20 de março. 

Convocado para depor, o presidente da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, enviou vídeo à CPI onde afirmou que os irmãos mentiram. Ele afirma que sua empresa enviou os primeiros documentos no dia 18 de março, por meio de link do Dropbox (serviço de armazenamento) sem a nota fiscal que teria gerado suspeita. Esta Invoice teria sido enviada somente no dia 22, diz o empresário.

"É uma contradição central dos irmãos Miranda: quando vão ao presidente da República, no dia 20, não havia nem o arquivo, muito menos a suspeita ou o problema com o Proforma Invoice (nota fiscal internacional)", defende.

Maximiano ainda contratou um serviço de perícia para atestar que esta primeira nota fiscal só foi criada no dia 19 de março, um dia depois do envio do link do Dropbox ao Ministério da Saúde. O governo Bolsonaro, por sua vez, afirmou que os irmãos Miranda fraudaram a nota fiscal com indícios de irregularidades.

Senadores oposicionistas e independentes da CPI, porém, acusam que o governo pode ter cometido o mesmo crime, alterando as notas fiscais apresentadas para desmentir as acusações.  

Com tantas versões diferentes sobre os documentos, os senadores indicaram na sessão desta sexta-feira que devem pedir nova perícia sobre as notas fiscais, além de uma acareação entre o deputado Luis Miranda e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, que acusou o parlamentar e seu irmão de fraudar os documentos.


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