Coronel gaúcho acusado de envolvimento na Operação Condor apresenta defesa

Coronel gaúcho acusado de envolvimento na Operação Condor apresenta defesa

João Osvaldo Leivas Job é acusado pelo desaparecimento de Lorenzo Viñas durante a Ditadura Militar

Heron Vidal

publicidade

Notificado pelo Tribunal de Roma (Itália) em março passado, junto com mais três gaúchos acusados de estarem envolvidos no desaparecimento do cidadão ítalo-argentino, Lorenzo Viñas, o ex-secretário da Segurança Pública do RS, coronel da reserva João Osvaldo Leivas Job, apresentou sua defesa dentro do prazo de 20 dias, oferecido pela corte.

Conforme seu advogado, Amadeu Weinmann, a defesa foi encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Job não era mais militar quando foi secretário, as questões de fronteira eram federais”, afirmou Weinmann. Viñas desapareceu em 26 de junho de 1980 na cidade de Uruguaiana. Rumava para o Rio de Janeiro de ônibus. Os quatro acusados podem ser condenados à prisão perpétua. O julgamento ocorrerá no final do ano, prevê o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), Jair Krischke.

Job, assim como, à época, o ex-diretor da Divisão Central de Informações (DCI) do RS, coronel do Exército Átila Rohrsetzer, o delegado responsável pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Marco Aurélio da Silva Reis, e o chefe da agência do Serviço Nacional de Informações (SNI), em Porto Alegre, coronel do Exército, Carlos Alberto Ponzi, foram denunciados pelo desaparecimento Viñas. Seu corpo nunca foi encontrado. Indagado nesta quarta-feira por telefone sobre sua defesa, Ponzi respondeu: “Nada tenho a dizer, esse é um assunto requentado”.

O processo da justiça italiana começou em 1999, quando o procurador do Tribunal de Roma, Giancarlo Capaldo, instalou escritório em Buenos Aires para investigar a ligação da Operação Condor com o desaparecimento, no Brasil, de Viñas e de outro ítalo-argentino, Horácio Domingo Campiglia, em 12 de março de 1980, lembra Krischke. A operação Condor reuniu, colaborativamente, órgãos de repressão no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Bolívia e Peru, na perseguição e assassinatos de desafetos das ditaduras.

Em 2005 o procurador Capaldo solicitou a Krischke informações sobre o aparelho repressivo no Brasil. “Nomeamos pessoas, cargos e informações ao procurador, pois a Justiça da Itália estabelece, no seu trabalho, cadeias de comando e aqui havia fina sintonia entre o III Exército, DOPS e DCI”, recordou o presidente do MJDH. A partir dessas informações a Procuradoria, que ofereceu denúncias contra 40 pessoas nos países da Operação Condor, incluiu os quatro gaúchos (três militares e o delegado). Se forem condenados eles podem receber prisão perpétua - via Interpol, serão presos e extraditados ao saírem do Brasil para qualquer outro país.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895