Covas relata à CPI descaso do governo com Coronavac e vê recrudescimento da pandemia

Covas relata à CPI descaso do governo com Coronavac e vê recrudescimento da pandemia

Diretor do Instituto Butantan prestou depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira

Correio do Povo e AE

Diretor do Instituto Butantan prestou depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira

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Em depoimento à CPI da Covid, o diretor do Instituto Butantan Dimas Covas afirmou que o Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a começar a vacinação contra a Covid-19 se não fossem os desentendimentos entre o governo federal e a Instituição. De acordo com ele, o Butantan ofereceu, em julho de 2020, ao governo federal, 60 milhões de doses para serem entregues no último trimestre do ano passado. Ele disse não ter tido resposta.

A discussão do tema também ocorreu no dia 19, quando o ex-ministro da Saúde e general, Eduardo Pazuello, foi questionado sobre as falas de Bolsonaro contrárias à aquisição da Coronavac, ainda em 2020. Segundo Pazuello não houve ingerência ou ordens para que a compra não fosse efetuada. O Planalto assinou contrato com o Butantan apenas em janeiro deste ano. 

Durante o depoimento, nesta quinta-feira, Covas também destacou que a Coronavac teve a análise mais rigorosa entre os imunizantes que passaram pela Anvisa. Segundo o diretor, todos os dados necessários para aprovação do imunizante foram entregues à agência sanitária brasileira, que aprovou o uso do imunizante do País.

Questionado sobre o porquê desses dados não terem sido disponibilizados ao público por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), Dimas Covas afirmou que a obrigação do Butantan era divulgar esses dados apenas para a Anvisa, que é o órgão que avalia o uso emergencial do imunizante.

Atraso de doses por falta de insumos

Em depoimento, que durou quase sete horas, Covas afirmou que em razão da demora no recebimento de insumos, 7 milhões de doses previstas inicialmente dentro do pacote de vacinas a serem entregues em maio não poderão ser fornecidas neste mês. Segundo ele, o problema relativo a matéria-prima parou a produção da Coronavac por cerca de um mês.

"Tínhamos o compromisso de entregar 12 milhões de doses em maio e já entregamos 5 milhões. A produção foi retomada e vamos entregar 6 milhões de doses a partir de 12 de junho, então houve 7 milhões de doses que poderiam ter sido entregues ainda em maio, de acordo com o cronograma inicial", disse.

Depois de receber 3 mil litros de IFA, o Butantan retomou a produção nesta semana. 

Provável dose de reforço

Dimas Covas afirmou que enxerga a necessidade de uma dose de reforço para todas as vacinas contra a Covid-19, principalmente em razão das variantes da doença que circulam atualmente. "Uma dose adicional já com as variantes já está sendo pesquisada inclusive pelo Butantan, que já incorpora variante P.1 nos estudos, inclusive com a Butanvac", relatou o diretor do instituto. Essa cepa já é a predominante no Rio Grande do Sul. 

Covas ainda explicou que o prazo de 28 dias para que o cidadão receba a segunda dose da Coronavac é o "ideal" para completar o esquema vacinal. Ele explicou, no entanto, que se a segunda dose for tomada posteriormente, não há prejuízo, só uma demora a mais para a pessoa ser completamente protegida.

Variantes devem “turbinar” pandemia

O diretor do Instituto Butantan ainda avaliou que "tudo indica" que o País possa ter um recrudescimento da pandemia, que já acumula quase meio milhão de mortes em 15 meses. Segundo ele, o aumento no número de casos será "turbinado" por variantes da Covid-19.

A análise de Dimas veio após o vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), perguntar se ele concordava com uma fala do presidente da República, Jair Bolsonaro, de que estávamos "no final da pandemia". O diretor discordou. Para Dimas, ainda estaremos lutando contra a pandemia nos próximos anos. "Essa pandemia ainda vai persistir durante 2021, ainda vamos lutar com ela em 2021, quiçá no começo de 2022", projetou.

CPI retorna na terça-feira

A CPI da Covid volta a se reunir na próxima terça-feira, 1º de junho, a partir das 9h. A próxima depoente é a médica oncologista e imunologista Nise Yamaguchi. Ela é médica do hospital Albert Einstein e uma das principais defensoras do chamado tratamento precoce contra a Covid-19.


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