Criação de cargos gera embates na Câmara de Porto Alegre

Criação de cargos gera embates na Câmara de Porto Alegre

Projeto que previa abertura de mais uma vaga na Mesa Diretora causou discussões entre vereadores

Flávia Simões*

Os vereadores Felipe Camozzato (Novo), a esquerda, e Roberto Robaina (Psol), a direita, discutiram fora da tribuna

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Durante a sessão na Câmara de Porto Alegre, nesta quarta-feira, que aprovou, com 29 votos favoráveis e 4 contrários, o projeto de lei que previa a criação de uma 4º secretaria na Mesa Diretora, os vereadores encabeçaram discussões dentro e fora da tribuna. A criação do novo cargo foi parte do acordo estabelecido entre a oposição e a base para que, devido a uma decisão judicial, parlamentares opositores ocupassem cargos na Mesa Diretora e na presidência de comissões. 

Primeiro a se manifestar na tribuna, o vereador Roberto Robaina (PSol) questionou o projeto afirmando que a base, para acatar a decisão judicial, estava fazendo manobras para criar mais cargos para si. Afirmou ainda acreditar que a oposição deveria seguir pelo mesmo caminho e votar contra o projeto. 

Em resposta, o vereador Idenir Cecchim (MDB), líder do governo na Casa, defendeu a proposta afirmando que não haveria sequer aumento de gastos na criação de uma nova secretaria e que ficaria igual à composição da Assembleia Legislativa. E questionou a fala de Robaina: “Acordo é para ser cumprido até o final da votação. Acredito que não seja a intenção do vereador Robaina fazer o PT e o PCdoB um puxadinho do PSol”, disse Cecchim. 

Afirmando o compromisso do partido com o acordo, o vereador Aldacir Oliboni (PT) defendeu a posição da vereadora Laura Sito (PT) como 3º secretária na Mesa. “As bancadas merecem sua proporção por uma questão de lei”, ressaltou, mas complementou que a decisão que garantiu a presença na Mesa Diretora se referia à sua antiga formação, não a uma nova, com quatro secretários. 

Em discurso, o vereador Clàudio Janta (Solidariedade) propôs que se formassem novos blocos e disputasse novamente os cargos da Mesa, o que seria uma nova eleição, que se constituiria a terceira desta legislatura. “Nós refizemos o acordo e está contemplada a oposição. A briga de tudo isso é cargo. É CC's na Câmara de Vereadores”, provocou Janta. 

O vereador Felipe Camozzato (Novo) também defendeu o projeto afirmando que a criação de um novo cargo não implicaria aumento nos gastos públicos, bandeira do seu partido. 

Embates seguiram

Após, entrou em discussão a proposta que previa a extinção de alguns cargos e a criação de novos que ficaram sob comando da Mesa Diretora. Novamente, os embates entre os vereadores ocorreram, incluindo ataques pessoais. 

Na tribuna, Robaina reforçou sua posição e alegou que não se tratava apenas de criação de cargos e sim de um acordo entre os partidos que têm maioria para cumprir interesses pessoais: “Não venham aqui partidos enterrados em esquema de corrupção quererem falar do caráter do PSol”, afirmou Robaina. Logo após, o vereador Janta afirmou que Robaina estava sendo hipócrita: “Quando foi CC da Câmara, o vereador Robaina não se importava com isso”, rebateu Janta. 

O vereador Alex Fraga (PSol), suplente de Pedro Ruas, questionou a posição do partido Novo e a fala de Felipe Camozzato, que voltou à tribuna para defender sua posição e teceu críticas ao PSol. A fala foi interrompida por Robaina, que o criticou. A discussão continuou depois da saída de Camozzato da Tribuna e repercutiu entre os colegas. A vereadora Comandante Nádia (Dem), em sua fala, criticou a atitude de Robaina e falou que “ameaças são caso de polícia”.

A vereadora Bruna Rodrigues (PCdoB) lamentou o posicionamento dos parlamentares e pediu atenção às pautas que tratam dos problemas da cidade. As discussões envolvendo cargos e partidos seguiram até o fim da votação do projeto, que foi aprovado com 25 votos favoráveis de 10 contrários dos partidos da oposição. 



*Sob supervisão de Mauren Xavier


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