Damares quer testar "plano de prevenção ao risco sexual" em três cidades

Damares quer testar "plano de prevenção ao risco sexual" em três cidades

Medida da ministra de lançar campanha enfática sobre abstinência sexual não é apoiada pelo Ministério da Saúde

AE

Damares planeja testar projeto de prevenção sexual em três cidades brasileiras

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Sem apoio do Ministério da Saúde para lançar uma campanha mais enfática sobre abstinência sexual, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, quer lançar o "Plano Nacional de Prevenção ao Risco Sexual Precoce" por conta própria. Para isso, Damares planeja testar a iniciativa em três cidades do Norte e Nordeste do País.

Lançada esta semana, a campanha da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez Precoce foi tímida ao falar sobre o tema, já que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, é contra usar o termo "abstinência sexual" como método contraceptivo. Para elaborar o "plano de prevenção ao risco sexual", o ministério comandado por Damares informou que vai contratar consultorias especializadas no Brasil e exterior.

Em nota, a pasta disse que tem a intenção de implantar "projetos-pilotos" da iniciativa em três cidades brasileiras que apresentem altas taxas de gravidez na adolescência e que "provavelmente" isso acontecerá nas regiões Norte e Nordeste. Cerca de 930 adolescentes entre 15 anos e 19 anos dão à luz todos os dias, segundo dados do Ministério da Saúde. No ano passado, o número total de mães adolescentes chegou a quase 435 mil, quando consideradas as gravidezes entre meninas de até 14 anos, o número subiu para cerca de 480 mil.

Coleta de dados

De acordo com o Ministério da Mulher Família e Direitos Humanos, os "projetos-piloto" nos três municípios servirão para coleta de dados. Só depois de todas essas etapas seria elaborada uma política pública de âmbito nacional para tentar retardar o início das relações sexuais entre pré-adolescentes e adolescentes.

"A proposta é oferecer informações integrais aos adolescentes para que possam avaliar com responsabilidade as consequências sociais, econômicas e psicológicas de suas escolhas para o seu projeto de vida. Todas as informações serão divulgadas assim que concluirmos a elaborado da política pública", disse o Ministério dos Direitos Humanos, em nota.

Ao lado de Mandetta, no dia do lançamento da campanha de prevenção à gravidez precoce, na última segunda-feira, 
Damares sinalizou que não pretende desistir da ideia de um plano para defender a abstinência sexual entre jovens, mesmo após ser criticada por especialista.

"Estamos lançando hoje a campanha à prevenção da gravidez precoce. O que estou falando é da prevenção ao sexo precoce, vamos continuar falando disso, isso não se encerra em uma campanha, em um dia, é uma conversa por muito tempo e por gerações", disse a ministra na ocasião. Mandetta, por sua, vez, refutou diversas vezes o uso da expressão da abstinência sexual. "Eu não entendo como abstinência, entendo como um comportamento mais responsável", disse em coletiva de imprensa 

"Espere, reflita"

Sobre o mote da campanha, ele falou que o objetivo é dizer aos adolescentes e jovens: "espere, reflita". "Se a campanha serve para A e não para B, que B faça uso de um DIU, de um diafragma, mas se a pessoa A achar que serve para ela, ela tem direito de ser a dona do seu corpo", afirmou Mandetta.

Na semana passada, a Defensoria Pública da União (DPU) e a Defensoria Pública de São Paulo enviaram recomendação ao Ministério da Saúde e ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos para que não veiculem a campanha voltada para adolescentes que prega a abstinência sexual como forma de prevenção.

O principal argumento das defensorias é de que pregar a abstinência como política pública para prevenção não tem nenhum suporte científico - pelo contrário, apontam que há diversas pesquisas nacionais e internacionais que demonstraram a ineficiência de campanhas desse tipo em políticas públicas.


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