Declaração de Bolsonaro dificulta coordenação entre os estados, afirma Leite

Declaração de Bolsonaro dificulta coordenação entre os estados, afirma Leite

Chefe do Executivo gaúcho destacou preocupação dos governadores após pronunciamento; reunião entre entre os 27 políticos acontece às 16h

Correio do Povo

Pronunciamento foi transmitido por vídeo via redes sociais do Governo do Estado

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Após a primeira morte por coronavírus no Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite atualizou os dados sobre a pandemia no Estado e voltou a reafirmar a necessidade do isolamento social como combate à Covid-19. Em seu pronunciamento, de cerca de 20 minutos por vídeo via redes sociais, o governador voltou a manifestar preocupação dos chefes dos Executivos estaduais do país com o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro em rede nacional na noite desta terça-feira. 

Ao responder às perguntas, Leite disse que a fala do presidente Bolsonaro causou “grande preocupação” entre os governadores, por gerar confusão na população sem a apresentação de uma alternativa com base em dados científicos, algo que respalda o isolamento social conforme as recomendações da Organização Mundial da Saúde e demais órgãos nacionais e internacionais. “A manifestação dificulta a coordenação entre os Estados. Os ataques aos demais Poderes e à imprensa torna tudo mais complexo”, frisou. 

Leite destacou que, por mais que haja um grande esforço entre as lideranças municipais e estaduais, além de outros órgãos como o Ministério da Saúde, a “liderança é indelegável”, e ainda mais fundamental em momentos como esse. Ainda em sua fala, Leite garantiu que os governos estaduais não irão se afastar da missão de proteger a saúde e os empregos, tomando providências conjuntas para “reduzir o impacto” da crise do coronavírus no Rio Grande do Sul.

Às 16h, os governadores dos 27 estados se reúnem por videoconferência, sem a presença de Bolsonaro, para discutir alternativas em meio às decisões e pronunciamento do governo federal.  Na avaliação de Leite, a coordenação em nível federal está “comprometida” por conta da “pouca disposição” do presidente para tomar as medidas necessárias. “Vamos tomar conjuntamente as decisões e encaminhamentos”, frisou.

Atualização dos números e manutenção do isolamento

O governador Eduardo Leite também atualizou a situação do Rio Grande do Sul em meio à pandemia de Covid-19. O Estado registra 123 casos confirmados de coronavírus, e uma morte, registrada em Porto Alegre no início da madrugada desta terça-feira.

O governador destacou a importância da continuidade do isolamento social. Garantiu que, mesmo com a fala de Bolsonaro, o governo está respaldado pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto à competência para estabelecimento dos decretos, e assegurou a manutenção das medidas. 

Leite anunciou o recebimento de uma verba de R$ 32 milhões do Ministério da Saúde para o governo do Estado. Ainda conforme Leite, esse valor será destinado aos municípios e será utilizado para a criação de clínicas, espaços de triagem e ampliação da estrutura de combate ao coronavírus nas cidades gaúchas. 

O governador afirmou que, com a primeira morte registrada no Estado, a pandemia entra em uma nova fase, mas assegurou que “todo o esforço continua” para garantir a saúde dos gaúchos. Destacou a criação de novos leitos para atender pacientes com coronavírus, e citou exemplos de Passo Fundo e de Porto Alegre, e garantiu que o governo segue trabalhando para criação de novos pontos de atendimento.

Análise de dados irá monitorar fluxo durante restrições 

O governador citou, ainda, a criação de um comitê de análise de dados para verificar a circulação e movimentação das pessoas durante a vigência dos decretos de restrição. Leite revelou conversas com a Vivo, uma das companhias de telefonia móvel atuantes no Estado, para pedir orientações quanto ao nível do fluxo de pessoas em circulação.

Ele garantiu que tudo será feito sem a violação da privacidade, com respeito às informações pessoais. “Será monitorado apenas o fluxo no território. Vamos acompanhar a evolução conforme as necessidades, para mais ou para menos, sem acesso a dados”, frisou.


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