Deltan Dallagnol defende Operação Lava-Jato em palestra em Porto Alegre

Deltan Dallagnol defende Operação Lava-Jato em palestra em Porto Alegre

Durante apresentação, procurador da República foi criticado por manifestantes por conta de diálogos vazados nos últimos meses

Luiz Sérgio Dibe

Deltan Dallagnol foi criticado por manifestantes em palestra em Porto Alegre

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O procurador da República Deltan Dallagnol criticou duramente a classe política brasileira, neste sábado, em palestra no Centro de Eventos da Amrigs, em Porto Alegre, em evento no qual também foi criticado por manifestantes que se organizaram pelas redes sociais. "O Congresso desfigurou, na calada da noite, o pacote das medidas anticorrupção, quando o projeto chegou ao plenário. Isso ocorria enquanto o acordo com os executivos da Odebrecht atingia diversos líderes partidários. A sociedade não avança quando tem um Congresso que não se empenha em enfrentar a corrupção", discursou.

Dallagnol contou à plateia que se vê como um nerd e revelou sua paixão pelo surf. Defendeu os feitos da Lava Jato e emocionou os representantes comerciais, ouvintes da exposição, ao expressar seus sentimentos. "Gosto de brincar de lego com meu filho pequeno. Ele brinca de construir prédios e num certo ponto vai ficando alto e as peças caem. Ele chora. Sinto-me assim às vezes vendo como é dura a luta contra a corrupção. Muitas vezes, principalmente agora com a pressão que temos passado, tenho vontade de desistir", apontou.

A palestra sobre integridade e ética nos negócios, no entanto, foi interrompida por manifestantes. Organizados em um grupo que se articulou pelas redes sociais para comparecer ao evento, atribuíram parcialidade a parte dos atos decorrentes da Lava Jato e cobraram explicações de Dallagnol sobre os diálogos do Telegram trazidos a público por ação de hackers. "Como um servidor público destacado como o procurador Dallagnol pretende continuar ganhando dinheiro em palestras sobre ética, sem admitir que deve explicações à sociedade brasileira sobre as articulações com Sérgio Moro?", comentou a professora Rosane Dalsasso, justificando a motivação do protesto.

Após os protestos, os manifestantes se retiraram e Dallagnol pode retomar sua apresentação. "Vou encerrar minha fala com a divulgação de três práticas de cidadania que podem fazer a diferença. Primeiro, incentivem as pessoas a investir tempo para escolher em quem irão votar. A maioria dos brasileiros não sabe o que um deputado faz. Segundo: incentivem o preparo dos candidatos. Não é preciso diploma acadêmico, mas é fundamental conhecer políticas públicas e realidade social. Por fim, pratiquem a doação eleitoral, pois quem doa para campanha vai se importar com a escolha, fiscalizar e não vai esquecer quem elegeu", aconselhou o procurador.

Diante do inesperado, o presidente do Conselho dos Representantes Comerciais e anfitrião na atividade, Roberto Salvo, afirmou que o convite a Dallagnol foi motivado pelo desejo de compartilhar com os associados as boas experiências do procurador sobre ética e integridade. Salvo lamentou por eventual inconveniente aos convidados, mas ponderou que a livre manifestação faz parte da conduta democrática. "A diversidade de pensamentos nos enriquece", definiu.


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